Dirigentes locais apontam produtores brasileiros como mandantes de crime contra dirigente, que combatia monocultura da soja e uso de transgênicos
Do Opera Mundi
[caption id="attachment_21625" align="alignleft" width="300"] Policiais paraguaios e camponeses se confrontam na região de Curuguaty, durante conflito por terra no ano passado (Foto: Divulgação)[/caption]Um líder do movimento camponês paraguaio foi assassinado na tarde desta terça-feira (19/02) no departamento de Concepción, zona central do país. Atingido por pelo menos 15 disparos em sua residência, Benjamín “Toto” Lezcano, de 53 anos, era um ferrenho opositor da monocultura de soja e do uso de sementes transgênicas na região.
Dirigentes locais apontam produtores brasileiros como mandantes do crime. Segundo relatos de testemunhas escutadas pela imprensa local, Lezcano foi abordado por dois homens, que chegaram à sua casa a bordo de uma bicicleta. Após o assassinato, os criminosos teriam se escondido em uma fazenda de propriedade de brasileiros e não foram encontrados.
Ainda de acordo com a imprensa local, a polícia já deu início à investigação do crime, mas não conseguiu encontrar rastros dos assassinos. “Trabalhamos com a hipótese de que ele foi executado por pistoleiros dos produtores de soja brasileiros”, descreveu outro dirigente camponês local, Francisco Jara, a meios paraguaios.
Por meio de denúncias e protestos, Lezcano e seus simpatizantes intensificaram, em 2012, o combate contra a expansão dos agronegócios na região de Concepción e San Pedro. Meios locais relatam que Lezcano chegou a ser preso por invasão de imóveis, mas havia ganhado a liberdade recentemente.
Organizações do movimento camponês local ainda analisam as medidas que tomarão para esclarecer o caso. Pelo menos 129 camponeses já morreram nos últimos 25 anos devido ao conflito pela terra no país. Em declarações à imprensa local, Jara afirmou que este tipo de crimes é uma prática frequente de poderosos produtores da região contra camponeses que se manifestam sobre a concentração de terra e o agronegócio contaminante.
Em circunstâncias semelhantes, o dirigente camponês Vidal Vega, de 46 anos, foi assassinado a queima-roupa com três disparos de escopeta, em dezembro do ano passado. Presidente de uma comissão que reivindica terras em Curuguaty, Vega era considerado uma testemunha fundamental para a investigação do conflito que derivou em 17 mortes na região, em junho do ano passado. O evento desatou uma crise que serviu como pretexto para que os opositores do então presidente Fernando Lugo o julgassem politicamente e decidissem por sua deposição.