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Presidente do Jovens Conservadores do Texas decretou as regras: para cada estudante marcado como “imigrante ilegal” preso, um cartão de 25 dólares será entregue
Por Isadora Otoni, com informações do Buzzfeed
Um evento marcado para quarta-feira (20) na Universidade do Texas gerou um debate polêmico sobre imigração ilegal. Lorenzo Garcia, presidente do Jovens Conservadores do Texas (YCT), planejou a atividade “Prenda um Imigrante Ilegal” no campus de sua universidade. Segundo o Buzzfeed, a dinâmica consiste em prisões teatrais de estudantes com o adesivo de “imigrante ilegal”, e cada prisão será recompensada com 25 dólares.
Na descrição do evento no Facebook, deletado nesta tarde de terça-feira (19), Lorenzo afirma que “o propósito do evento é de espalhar pelo campus a discussão sobre o problema da imigração ilegal e como ela afeta nossas vidas cotidianas”. Entretanto, muitos alunos classificaram o "jogo" como racista.
O presidente do Partido Democrata do Texas, Gilberto Hinojosa, criticou o procurador-geral e aspirante a governador Greg Abbott, já que Lorenzo foi seu funcionário. “Isto é uma vergonha. Greg Abbott deve um pedido de desculpas aos estudantes do Texas DREAM Act e deve denunciar o evento imediatamente. Esse estilo de liderança baseada no ódio e no medo não é a liderança que o Texas merece”, anunciou Gilberto.
[caption id="attachment_36490" align="alignleft" width="307"] Lorenzo Garcia já foi funcionário do aspirante a governador do Texas Greg Abbott (Facebook)[/caption]
Abbott, por sua vez, afastou qualquer tipo de associação com a atividade. “Nossa campanha não tem nenhuma afiliação com esse ato repugnante”, ressaltou. “Imigração ilegal e as políticas fracassadas da administração do Obama não são piadas.”
O deputado do Texas Joaquim Castro também se pronunciou a respeito, indicando a existência de uma radicalização política no estado. “Os republicanos texanos estão cada vez mais radicais. Esse ‘jogo’ aponta para um crescente sentimento anti-imigrante dentro do Partido Republicano do Texas”, comunicou ele ao Buzzfeed.
Mesmo com as críticas, Lorenzo defendeu a atividade, antes do cancelamento do evento no Facebook. “Não é para ser violento. Não estamos promovendo a violência, mas estou preocupado com a possibilidade da oposição ser violenta tanto para os ‘imigrantes ilegais’ quanto para as pessoas da mesa.”
Leia na íntegra a nota de Gregory J. Vicent, vice-presidente da diversidade na Universidade do Texas:
“Assim como a venda de bolos no Shopping West dos Jovens Conservadores do Texas, essas táticas são inflamatórias e humilhantes. Mais uma vez, na tentativa de ser provocativo, o YCT está contribuindo para um ambiente de exclusão e desrespeito aos nossos alunos, professores e funcionários, enviando a mensagem de que alguns alunos não pertencem ao nosso campus. Alguns estudantes da Universidade do Texas em Austin estão em situação irregular, e de acordo com a legislação do DREAM Act, assinado em 2001, eles têm o direito de frequentar universidades estaduais. Esses alunos refletem a crescente diversidade no campus e no estado do Texas, uma população que desempenha um papel cada vez maior em nossas comunidades intelectuais, econômicas, políticas e culturais.
[caption id="attachment_36491" align="alignleft" width="300"] Venda de bolos promovida pelos Jovens Conservadores do Texas[/caption]
A universidade ressalta a importância do respeito dos alunos aos nossos códigos de valores fundamentais, dos quais um é a liberdade, mas outros dois são a oportunidade e a responsabilidade individual. A universidade também valoriza a liberdade de expressão e nosso campus continua a ser uma área de inspiração do diálogo a partir de diversas opiniões. No entanto, também se destina a ser uma comunidade onde os alunos apresentam o respeito pelo outro, mantendo seus pontos de vista.
Se os membros do YCT realizarem o ‘Prenda um Imigrante Ilegal’, eles estão ignorando deliberadamente nosso código de honra e contribuindo para a degradação da nossa cultura. E mais uma vez, eles têm exercido um dos valores fundamentais da universidade em detrimento de outros. Tais ações são contraditórias ao verdadeiro diálogo no campus e aos ideais da nossa comunidade.”