Resistência Nacional e Forças Armadas entram em conflito; “a guerra só traria prejuízos a toda população”, diz ativista que teme retorno à guerra civil encerrada em 1992
Da Redação [caption id="attachment_35270" align="alignleft" width="360"] Jovens moçambicanos se articulam pelas redes sociais para evitar conflito militar (Foto: Facebook/MozÉsTu)[/caption]Desde que a Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) e as Forças Armadas de Moçambique (FADM) entraram em rota de colisão, há duas semanas, jovens moçambicanos se organizaram no Facebook, a partir da fanpage “Moz És Tu”, e lançaram a campanha #MozQuerPaz. O escritor Mia Couto, que acabou de receber o prêmio Camões, do músico popular Ildo Ferreira e do rapper Trez Agah, é um dos que já apoiam a campanha.
À Revista Fórum, Alorna Langa, uma das articuladoras da campanha, conta que ela e seus amigos fazem parte de uma geração que não vivenciou a guerra civil (1976-1992), mas têm muito “medo” de um retorno à guerra. Por isso, eles resolveram lançar a campanha na rede. Segundo Alorna, a guerra só traria “prejuízos a toda população e ao país, que, apesar de todas as desigualdades, avançou muito nestes últimos 21 anos de paz”. No dia 21 de outubro, Alorna e seus amigos subiram uma primeira foto com um cartaz com a hashtag #MozQuerPaz. Em 48 horas a caixa de entrada do email do grupo estava lotada de fotos e a hashtag espalhada pelas redes sociais. “Nem esperávamos que fosse dar tanta repercussão”, diz Alorna. “Mas a nossa ideia, desde o começo, era essa mesma: perder o controle da campanha, fazer com que as pessoas se apropriassem dela e espalhassem o sentimento de paz, que é o desejo da população moçambicana”, relata. Neste momento a campanha #MozQuerPaz já possui status internacional e conta com apoio de várias regiões do mundo: Europa, América Latina, Estados Unidos, Japão etc. A rede de ativistas Global Voices também se tornou uma apoiadora do movimento e tem ajudado na disseminação do mote Moz Quer Paz. Entenda o conflito A Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) assinaram, em 1992, o Acordo Geral da Paz, que colocou fim à guerra civil que durou 16 anos e vitimou um milhão de pessoas. Porém, no último dia 17 de outubro, as FADM tomaram a principal base da Renamo, em Santugira, o que desencadeou uma tensão militar entre oposição e governo. Os oposicionistas chegaram a declarar o fim do Acordo Geral da Paz, mas, posteriormente, voltaram atrás.Neste momento, o governo, que é comandado pela Frelimo, busca um consenso para dar fim ao clima tenso que impera no país. O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, encontra-se em localidade desconhecida e disse que só vai dialogar com o governo na presença de observadores internacionais.