Nelson Mandela completou, neste dia 18 de julho, 94 anos. A sua experiência na luta contra o apartheid transformou-o em um sujeito símbolo desta trajetória
Por Dennis de Oliveira
Minha filha passou três meses na África do Sul participando de um intercâmbio. Uma das curiosidades que tive em conversas com ela foi sobre como a população negra de lá vê o líder Nelson Mandela. “É quase como um Deus”, disse ela.
Contou-me que em um destes vários momentos em que Mandela ficou doente e teve que se internar, correu um boato de que ele estaria à beira da morte. “Foi um caos, pai”, disse minha filha. “As pessoas todas não iam trabalhar, ficavam chorando nas ruas, o país parou”, disse ela. Para acalmar a população, o médico dele teve que ir em cadeia nacional de televisão e rádio para falar que ele estava bem. Só assim a vida voltou ao normal na África do Sul.
Alguns “analistas políticos” daqui iriam chamar isto de “populismo”. Uma visão superficial. Walter Benjamin, em sua obra O narrador, conceitua a ideia de experiência – conhecimento auferido da vida prática. O professor Muniz Sodré, da Universidade Federal do Rio de Janeiro afirma que as formas da experiência em que se ancora a narrativa são “expressões sensíveis (devem ser mais vividas que entendidas) e polissêmicas (investem significados múltiplos) da organização do real”.
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