O prêmio Nobel da economia em 2001, Joseph Stiglitz, considera que o resgate financeiro a Espanha não funcionará e pode criar uma "economia vudu" com o Estado, resgatando os bancos e estes resgatando o Estado.
Por Redação Publicado por Esquerda.net. Foto por World Economic Forum.O empréstimo da Europa à Espanha para “salvar” alguns dos bancos pode não funcionar porque o governo e a banca estarão de fato sustentando-se mutuamente, defende o economista Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel da Economia em 2001, numa entrevista parcialmente publicada na edição online do jornal espanhol Expansion, ainda antes de ser conhecida a decisão europeia de emprestar até 100 bilhões de euros à banca espanhola, anunciada no sábado.
“O sistema... é o governo socorrendo os bancos, e os bancos socorrendo o governo”, afirmou, concluindo: “é economia vudu”. Este professor de Economia da Universidade de Columbia, nos EUA, considera que, como os bancos são os principais compradores de dívida soberana, o governo poderia ver-se obrigado a pedir ajuda aos bancos aos quais agora chegarão fundos europeus. “Se o governo espanhol resgata os bancos e a banca resgata o governo, o sistema converte-se numa economia vudu. Não vai funcionar e não está funcionando”, disse.
Nessa entrevista, Stiglitz defendeu que a Europa devia acelerar a discussão sobre um sistema bancário comum, porque “não há maneira de, quando uma economia entra em queda, ser capaz de sustentar políticas que restaurem o crescimento sem uma forma de sistema europeu”.
“Ter corta-fogos quando se está regando o fogo com gasolina não vai adiantar. Vai ser preciso enfrentar o problema de base, que é o de promover o crescimento”, disse. Stiglitz foi conselheiro econômico do antigo presidente democrata dos EUA Bill Clinton e é há muito crítico dos pacotes de austeridade. Assim, considera que o que a União Europeia fez até agora foi mínimo e numa direção errada, porque as medidas de austeridade para diminuir o risco da dívida têm como resultado diminuir o crescimento e fazer aumentar o peso da dívida, afirmou.
“A Alemanha vai ter de enfrentar a questão: quer pagar o preço que se seguiria a uma dissolução do euro, ou quer pagar o preço de manter vivo o euro?”, resumiu Stiglitz. “Penso que o preço que eles vão pagar se o euro se desintegrar será maior do que o preço que vão pagar para manter o euro. Espero que percebam isso, mas podem não perceber”, concluiu.