O fato das nações do continente não terem esgotado todos os passos clássicos de uma “revolução capitalista” seduz parte da esquerda a querer ser ela a protagonista deste processo
Por Dennis de Oliveira
Foto Angus Mills
Stuart Hall, pensador jamaicano radicado há 60 anos na Inglaterra, concedeu uma entrevista ao The Guardian às vésperas de comemorar o seu 80º aniversário. Demonstrou que está mais pessimista do que tempos atrás quando escreveu os famosos textos que marcaram sua trajetória acadêmica (a maior parte deles publicados no Brasil na coletânea Da diáspora, Editora UFMG). Naquele momento, Hall enxergava na diversidade cultural e no interculturalismo possibilidades reais de transformação social. Fez uma releitura do pensamento marxista, a partir de Gramsci e Althusser, propondo que a relação entre a instância econômica e a cultural não fosse marcada por uma determinação linear (como uma apreensão mais ingênua do marxismo prega), mas sim de forma dialética.