O Rei Pelé não é chamado dessa forma por acaso. Suas três Copas do Mundo, entre outros títulos pela Seleção Brasileira, somados às 45 taças levantadas pelo Santos o fazem no jogador mais bem sucedido da história e ídolo máximo do futebol brasileiro, transcendendo a paixão clubista.
Todos sabemos que ao longo de 18 anos jogando pelo alvinegro da Vila Belmiro, o Rei marcou 1091 gols em 1116 jogos. Somado a outras camisas, sobretudo da seleção, Pelé atingiu um total de 1282 gols em 1363 jogos. Mas não é essa, exatamente, a contagem da FIFA.
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Para o órgão máximo do futebol mundial, o Rei Pelé marcou apenas 767 gols e está em quarto lugar na artilharia histórica do esporte, atrás do baixinho Romário que também não marcou mil gols de acordo com a FIFA, mas 772. Em segundo lugar está o austríaco Josef Bican (805) e no topo o português Cristiano Ronaldo (807). Ou seja, é como se aquele gol histórico de pênalti contra o Vasco da Gama em 1969, no Maracanã, que marcou seu milésimo tento, não tivesse acontecido.
A discrepância ocorre porque na contagem da FIFA não são computados os tentos marcados em jogos considerados amistosos ou festivos. Resumindo, a FIFA só valida os gols marcados em “jogo de campeonato”, como é costume dizer na gíria futeboleira.
Entre os 517 gols subtraídos do Rei pelo FIFA, alguns são perfeitamente compreensíveis, como os 14 gols marcados pelo time das Forças Armadas e outros três pelo Sindicato dos Atletas, ambos em jogos festivos, mas que estão na chamada “contagem brasileira”.
No entanto, a maior parte dos gols retirados da contagem constam amistosos sérios, digamos assim, em que o Santos excursionou para a Europa por diversas vezes e enfrentou clubes gigantes do futebol europeu. Podiam não ser ‘jogos de campeonato’, mas tinham um grande valor para todos os envolvidos.
Em excursão santista de 1959, por exemplo, Pelé marcou um gol na derrota por 5 a 3 para o Real Madrid do craque argentino Alfredo Di Stéfano no único embate entre ambos. Em outra partida daquela excursão, Pelé marcou quatro na goleada por 7 a 1 sobre a Inter de Milão e mais dois em outra goleada, dessa vez sobre o Barcelona, por 5 a 1.
Na década seguinte, o Santos priorizou a disputa do Campeonato Paulista e a realização dessas excursões. A Copa Libertadores da América, atualmente considerada uma obsessão por muitos clubes brasileiros, na época não era exatamente a prioridade, nem do Santos, nem de outros clubes. O próprio Santos, após vencê-la em 1962 e 1963, se irritou com as eliminações nas semifinais nos dois anos seguintes, marcadas por episódios polêmicos, e retirou o time do campeonato nas três edições seguintes mesmo classificando-se para a disputa. Os altos custos da viagem e a bronca com o favorecimento a argentinos e uruguaios pesou na decisão santista.
À Revista Placar, José Macia, o Pepe, parceiro de Pelé e autor de 405 pelo Santos, explicou o abandono da Libertadores. “Os dirigentes achavam que não era interessante. Por questões financeiras, o Santos preferiu priorizar as excursões internacionais para conseguir bancar seus sete ou oito jogadores de seleção”. Realmente, naquele tempo os custos para disputar uma Libertadores ainda eram algo a ser pensado pelos grandes clubes brasileiros, diferente dos dias atuais em que não há qualquer problema, tanto pelo fato de que as viagens aéreas estão muito mais popularizadas do que 60 anos atrás, como pelos próprios clubes hoje serem donos de verdadeiras fortunas advindas de patrocinadores, televisão, entre outras fontes. Naquela época as fontes eram muito mais limitadas.
*Com informações da Revista Placar.