Em foto coletiva tirada durante a comemoração da classificação para as quartas de final da Copa do Mundo do Catar 2022, os jogadores do Marrocos fizeram questão de posar com uma bandeira da Palestina e deixaram o seu protesto registrado para o mundo. Os marroquinos eliminaram a Espanha nos pênaltis nesta terça-feira (6) com uma atuação de gala do goleiro Yassine Bounou e o tento marcado pelo lateral Acraf Hakimi, que é nascido em Madrid.
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Muito presente na Copa do Mundo do Catar, a bandeira da Palestina tem sido levantada por torcedores de diversos países e agora pelos jogadores marroquinos para chamar atenção a uma série de massacres, derrubadas de residências e outras formas de violação de direitos humanos perpetrados pelo regime israelense contra os palestinos. Para manter os palestinos “na linha”, Israel adota de uma série de políticas comparáveis às do apartheid sul-africano ou das políticas de limpeza étnica ocorridas em regiões da Europa, além de dispor de um dos exércitos mais equipados do planeta para executá-las.
A última vítima famosa foi a jornalista e apresentadora Abu Akleh, da rede Al Jazeera, sediada justamente no Catar. A jornalista palestina foi assassinada em maio desse ano pelo exército israelense com um tiro na cabeça durante uma cobertura, ou seja, enquanto fazia o seu trabalho. Dias depois, seu funeral, com centenas de pessoas, foi novamente atacado pelos militares.
Em 2021, os israelenses foram acusados de utilizar a pandemia como uma espécie de arma de destruição em massa. Um conflito originado pelas procissões muçulmanas à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém chegou a contar 243 mortos palestinos e 12 israelenses em 21 de maio daquele ano, quando houve o cessar fogo. Além disso, contou também com episódios marcantes como a destruição do prédio do centro de imprensa de Gaza, derrubado pela artilharia do exército israelense.
De acordo com Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, há cerca de 6 milhões de refugiados palestinos espalhados pelo mundo desde 1948 quando começaram a ser expulsos do território. “É sempre importante destacar que a situação na Palestina é de ocupação de todo o território palestino, no qual em parte dele se realiza por autoproclamação o Estado de Israel desde 14 de maio de 1948. Tudo o que se deu desde então foi planejado, no caso, a limpeza étnica da Palestina”, declarou Rabah em entrevista a Gabriel Brito, do Correio da Cidadania, sobre os conflitos de 2021.
Como o primeiro país árabe e chegar às quartas de final de uma Copa do Mundo, e em especial na primeira sediada em um país árabe, o protesto marroquino ganha um peso especial no momento em que Benjamin Netanyahu voltou a ser eleito primeiro-ministro de Israel. Sua última gestão (2009-2021) ficou marcada, além do último entrevero, por severos ataques a Gaza em 2014 que também deixaram centenas de palestinos mortos ou desabrigados.