O DGSI, órgão de inteligência interno da França, alertou com antecipação os meios de comunicação locais sobre a possibilidade de ataques perpetrados por setores da extrema-direita local, em especial grupos neonazistas ligados ao hooliganismo, a concentrações de marroquinos em todo o país após a partida de semifinal da Copa do Mundo do Catar jogada entre as seleções de ambos países na última quarta-feira (14). O principal temor da agência era para o caso de uma vitória marroquina.
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De acordo com o alerta divulgado pela rádio Europe1, a presença de extremistas da ultra direita nas ruas foi intensa e, nas redes sociais, diversos agrupamentos neonazis proclamavam um “confronto civil” entre as duas nações.
As imagens não deixam mentir. O uso excessivo de fogos de artifício conhecidos no Brasil como “sinalizadores” aponta a presença de grupos hooligans ligados ao futebol. Só na cidade de Estrasburgo, dúzias de membros do Strasbourg Offender, grupo hooligan neonazista, foram pegos em ações autodefinidas como de “restauração da ordem e patrulha das ruas”. Em Montpellier, no sul da França, um marroquino foi morto atropelado por automóvel durante um dos ataques neonazistas na cidade.
Em Paris, 47 hooligans neonazistas foram presos durante as brigas. Segundo apurou o jornalista Irlan Simões, que também é um sério pesquisador do tema, alguns dos presos em Paris estiveram em eventos com o falastrão da extrema-direita francesa, Eric Zemmour, líder do partido Reconquête.
A França tem a maior concentração de marroquinos fora de Marrocos. Com as recentes crises que resultaram no aumento da imigração, o sentimento nacionalista se exacerbou em inúmeros grupos de extrema direita no país e em toda a Europa. Além disso, antes mesmo das crises com imigrantes se acentuarem, é sabido que na Europa como um todo, o que inclui a França, setores neonazistas e ultra nacionalistas encontraram um espaço fértil no futebol para sua proliferação.