O craque Neymar tem um talento incontestável dentro de campo, mas fora dele, sobretudo pelas atitudes enquanto cidadão, divide a torcida brasileira entre fãs e haters. Nesse mundial não foi diferente. A lesão sofrida na partida de estreia contra a Sérvia, além de o tirar dos demais jogos da fase de grupos, gerou uma escalada de reações por um lado jocosas, com torcedores rindo de mais uma lesão do astro ou criticando-o apesar do mau momento, e, por outro lado, de apoio. Entre os apoios, Neymar recebeu uma carta pública de outro craque, Ronaldo, autor dos gols do pentacampeonato em 2002, publicada na neste domingo (27), nas suas redes sociais.
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“Estou certo de que a maioria dos brasileiros, como eu, te admira e te ama. Seu talento, aliás, te levou tão longe, tão alto, que tem amor e admiração por você em cada canto do mundo. E é também por isso, por ter chegado aonde chegou, pelo sucesso que alcançou, que tem que lidar com tanta inveja e maldade. Num nível de comemorarem a lesão de uma estrela como você, com uma história como a sua. A que ponto chegamos? Que mundo é esse? Que mensagem estamos passando para os nossos jovens? Vai sempre existir gente torcendo contra, mas é triste ver a sociedade num caminho de banalização da intolerância, de normalização dos discursos de ódio”, declarou o ex-jogador de Cruzeiro e Corinthians para, no desenvolvimento da carta, desejar melhoras e sorte na disputa do título mundial.
Ronaldo tem razão quando coloca que não se deve torcer para que um atleta se machuque. Tal atitude é, no mínimo, deselegante. No entanto, parece errar feio que atribui a rejeição a Neymar a um sentimento de inveja, ignorando questões que concernem ao craque enquanto cidadão.
A jornalista Anita Efraim, apresentadora do Diário do Peixe, um portal de notícias dedicados do Santos, clube que revelou Neymar e o tem como ídolo, usou as redes sociais justamente para comentar de forma crítica a carta pública de Ronaldo. “A carta tenta justificar o ranço a Neymar sob a ótica da inveja. Isso isenta Neymar e o pai dele da responsabilidade pelas péssimas escolhas feitas por eles”, escreveu.
Para exemplificar o que chamou de “péssimas escolhas”, a jornalista santista lembrou a saída de Neymar do Barcelona, rumo a um Paris Saint-Germain em que supostamente seria o “astro único” da equipe, e acabou ofuscado por Mbappè após o titúlo francês de 2018. Também lembrou o envolvimento sem ponderação do astro na eleição mais dividida e exaltada da história brasileira. “Nenhum companheiro de seleção fez, Richarlison nunca declarou voto em Lula”, recordou.
Em outras palavras, é preciso separar o jogador do cidadão. Torcer por ele como jogador não equivale a concordar com ele enquanto cidadão. E o inverso também vale: suas façanhas no esporte não justificam comportamentos reprováveis fora das quatro linhas.
Sem a presença de Neymar, Brasil e a Suíça se enfrentam na próxima segunda-feira (28), às 13h de Brasília no Estádio 974, pela segunda rodada do Grupo G da Copa do Mundo do Catar 2022. Na primeira rodada, jogada na última quinta-feira (24), o Brasil bateu a Sérvia por 2 a 0 e a Suíça venceu o Camarões por 1 a 0. Quem vencer o duelo da segunda rodada estará praticamente classificado para as oitavas de final. Neymar deve retornar aos gramados a partir das oitavas de final.