FÓRUM NA COPA

Jogador do Irã é preso por fazer críticas ao governo

Voria Ghafouri atuou pela seleção iraniana na Copa da Rússia, em 2018, e foi preso por publicar nas redes sociais uma foto em que veste trajes curdos, sua etnia

Jogador do Irã é preso por fazer críticas ao governo.. Voria Ghafouri jogou pela seleção do Irã na Copa da Rússia de 2018. Créditos: Akbar Dadashzadeh/Wikimedia Commons
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A derrota acachapante para a Inglaterra por 6 a 2 na estreia e a vitória nesta sexta-feira (25) sobre o País de Gales por 2 a 0 não são os principais assuntos envolvendo o Irã na Copa do Mundo do Catar 2022. A situação política do país, com forte opressão sobre as mulheres e perseguições a críticos do regime tem ganho a atenção, não apenas do público iraniano que aproveita os estádios para fazer seus protestos, como do noticiário internacional.

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Na última quinta-feira (24) o ex-jogador a seleção iraniana Voria Ghafouri foi preso pelas autoridades do país que o acusaram de ‘insultar a reputação da seleção nacional’ e ‘fazer propaganda contra a República Islâmica’. A prisão ocorreu logo após um treino do Foooland, time da província iraniana do Cuzistão, no oeste do país, onde Ghafouri joga atualmente.

O estopim para a prisão foi o atleta de 35 anos, que atuou pela seleção do Irã na Copa da Rússia, em 2018, foi ter postado uma foto em suas redes sociais em que usar trajes típicos curdos, etnia da qual faz parte. Ghafouri não é qualquer jogador, além de ter defendido a seleção, é um jogador respeitado no país após ter passado bons anos da sua carreira como capitão do Teerã Esteghal, um dos principais clubes do Irã, sediado na capital. Também é conhecido por ser um crítico do atual "estado de coisas" iraniano.

O Irã vive tensões com os curdos, no noroeste do país, além de revoltas em todo o país contra a morte da jovem Mahsa Amini, assassinada enquanto estava presa por descumprir leis religiosas de vestimenta. De acordo com análises da imprensa, os líderes iranianos estariam mandando um recado com a prisão de Vori Ghafouri. Irritado com os protestos da seleção iraniana, que não cantou o hino nacional na partida de estreia contra a Inglaterra, o regime estaria em busca de calar os críticos.

Funcionou para os jogadores, que nesta sexta-feira (25) cantaram o hino antes da vitória por 2 a 0 sobre o País de Gales. No entanto, os torcedores iranianos protagonizaram uma série de protestos contra o regime do país nas arquibancadas. Na entrada do estádio, inclusive, uma torcedora foi barrada por vestir uma camiseta com um desenho do rosto de Amini e as palavras “Mulher, Vida, Liberdade” escritas em persa. A torcedora, assim como Voria Ghafouri, é iraniana-curda e carregava uma bandeira “não-oficial” do Irã, ou seja, um símbolo nacional não aprovado pelo regime de ocasião. Ela só conseguiu entrar no estádio após entregar a bandeira para os policiais e vestir uma camiseta oficial da seleção do Irã.

*Com informações de O Globo e do G1.