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Jogador do Flamengo é indiciado pela PF por suposto envolvimento em esquema de apostas

Bruno Henrique foi indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva; entenda o caso

Bruno Henrique, em partida contra o Botafogo
Bruno Henrique, em partida contra o BotafogoCréditos: Gilvan de Souza & Paula Reis / Flamengo
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A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por estelionato e fraude em competição esportiva. O jogador é suspeito de ter forçado um cartão amarelo em uma partida contra o Santos, no Campeonato Brasileiro de 2023, paara beneficiar apostadores.

Foram analisadas 3.989 conversas no WhatsApp do celular de Bruno Henrique. Muitas das mensagens foram apagadas, de acordo com a perícia, mas no aparelho do irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, também apreendido, foram analisados diálogos que mostrariam o envolvimento de Bruno Henrique.

Além do atleta, foram indiciados também Wander, Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador. Os três fizeram apostas e teriam se beneficiado da suposta fraude.

Troca de mensagens

O portal Metrópoles apontou um trecho de uma conversa entre os Bruno Henrique e Wander, de 29 de agosto. “O tio você está com 2 cartão no brasileiro?”, pergunta Wander. O atacante responde que sim e o irmão questiona: “Quando [o] pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”. Bruno Henrique responde: “Contra o Santos”.

Na sequência, Wander pergunta ao jogador “Daqui quantas semanas?”, e o jogador rebate: “Olha aí no Google”. Wander aponta que o jogo é em  29 de outubro e pergunta: “Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk” Bruno Henrique diz: “Não vou reclamar”, “Só se eu entrar forte em alguém”.

Wander então responde: “Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”. As transcrições são literais.

Na partida contra o Santos, Bruno Henrique recebeu o cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo, após fazer uma falta em Soteldo quando o Flamengo perdia por 2 a 1, placar final do jogo. Após reclamar, foi expulso pelo árbitro Rafael Klein.

Investigação da PF

Em 29 de julho de 2024, a CBF recebeu um alerta da IBIA (International Betting Integrity Association, organização que atua para preservar a integridade do setor de apostas), via Conmebol, sobre movimentações suspeitas de apostas relacionadas a um cartão recebido por Bruno Henrique no jogo contra o Santos. O órgão apontou que várias contas haviam sido criadas no dia ou na véspera da partida, com apostas de mesmo valor, no limite máximo permitido e em curto intervalo de tempo.

Em seguida, a CBF repassou a denúncia à Polícia Federal, ao Ministério Público do Distrito Federal e ao STJD. A PF assumiu a investigação e, com apoio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda, identificou os representantes das casas de apostas no Brasil.

Bruno Henrique e Wander, foram indiciados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que fala sobre "fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado". A pena é de dois a seis anos de reclusão. Também foram enquadrados pelo crime de estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão. Os demais envolvidos foram indiciados por estelionato apenas.

O The Sporting News lembra ainda que o jogador pode responder no âmbito esportivo, já que o Código de Ética da Fifa prevê penas de multa e banimento de até três anos para atletas envolvidos com apostas. E o Código Brasileiro de Justiça Desportiva também prevê, em caso de condenação, multa de até R$ 100 mil e suspensão de até 720 dias.

O relatório da Polícia Federal será analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, que deve decidir se oferece ou não denúncia contra os acusados.

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