Os momentos que antecedem cada prova das Olimpíadas são os mais angustiantes. Se nós, que apenas estamos assistindo, já ficamos nervosos, imaginamos o que passa na cabeça dessas atletas tão jovens da ginástica feminina, que conseguem se concentrar em meio a tanta responsabilidade de representar seu país, seus pais, sua família e amigos depois de tanto tempo de treinos.
Será que é isso mesmo o que pensam, nas responsabilidades, nos treinos exaustivos?
Será que tentam afastar o medo de falhar apelando para sua fé, rezando baixinho ou puxando mentalmente uma oração aprendida com os pais ou aquela avó?
Já vimos Simone Biles olhando Rebeca Andrade, quando nossa ginasta se preparava para o salto. Não era um olhar de quem secava, mas de quem admirava e aguardava o que a amiga iria apresentar, o que já adivinhava pelo grau de dificuldade assinalado no placar.
Mas, e a Rebeca? Como ela faz para se concentrar diante da expectativa de sua equipe, de seus patrocinadores e, mais ainda, do país que a ama e espera tanto dela, torce tanto por ela nas Olimpíadas?
Como não se deixar levar pela emoção, como conseguir a prova perfeita e levar a medalha tão sonhada?
Será que ela repassa mentalmente cada gesto do salto que vai dar, antecipa os passos necessários até o trampolim, a velocidade que deve aplicar, a força que deve exercer no momento do salto, a batida das mãos no aparelho, o corpo voando no espaço executando os exercícios programados até a descida cravada no ponto exato? Será que é isso?
Perguntada, Rebeca responde com a sinceridade de quem não faz cálculos de marketing, pose de coach ou influencer, mas apenas com a verdade deliciosa de seus pensamentos.
Rebeca pensa em receitas da Rita Lobo, ela confessa rindo, batata com creme de leite, e outras receitinhas que ela divertidamente diz que pensa em fazer mas nunca faz...
Medalha de ouro para ela. Assista e delicie-se.