RELIGIÃO

Paris 2024. Rayssa pode perder a medalha por manifestação religiosa?

A medalhista olímpica atingiu as redes após fazer sinais religiosos durante finais do skate

Leal disse "Jesus é o caminho, a verdade e a vida"Créditos: Reprodução/CazéTV
Escrito en ESPORTE el

A medalhista olímpica brasileira Rayssa Leal entrou no debate por emitir uma mensagem religiosa durante os Jogos Olímpicos de Paris no último domingo (28).

A bronze no skate usou a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para expressar que "Jesus é o caminho, a verdade e a vida" durante o torneio.

O problema é que o artigo 50 da Carta Olímpica, que define as principais regras gerais da competição, afirma que "nenhum tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida em quaisquer locais, instalações ou outras áreas olímpicas".

Veja o vídeo:

O artigo 50

A rígida regra já foi criticada por limitar manifestações políticas no torneio e pode servir para punir Rayssa Leal. 

Segundo a legislação olímpica, o caso deve ser averiguado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e pelo Comitê Olímpico Internacional.

Nunca um atleta perdeu uma medalha por manifestações políticas e religiosas durante as Olimpíadas, o que pode deixar Rayssa Leal tranquila. 

O principal caso na história se refere aos Jogos Olímpicos de 1968, quando os atletas dos 200 metros rasos John Carlos (bronze) e Tommie Smith (ouro) ergueram seus punhos contra o racismo durante o hino dos EUA no pódio.

Eles foram expulsos da Vila Olímpica, mas não perderam a medalha. Outros atletas fizeram manifestações ao longo da história e tomaram punições menos brandas na história.

Ou seja: ainda que, teoricamente, Rayssa violou as regras do torneio, ela não perderá a medalha por tal manifestação. Contudo, pode ser punida pelos comitês.

A ordem francesa

Há uma recomendação emitida pelo Ministério dos Esportes da França, que aconselha os atletas a não fazerem expressões religiosas durante as competições para manter a natureza secular do evento. 

O principal foco da medida era bloquear atletas francesas de utilizar o hijab e outras vestimentas de tradição islâmica. Uma atleta que usa o véu foi impedida de participar do barco de delegação da França por conta da medida. Apesar disso, a decisão francesa dificilmente impactará Rayssa.