O museu da Fifa, a autoridade máxima do futebol mundial, que fica em Zurique, na Suíça, colocou uma informação na placa que explica a exposição da camisa da seleção brasileira de que a indumentária mítica da nação com o maior número de títulos em Copas do Mundo foi “tomada” pela extrema direita do país, formada pelos seguidores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Na Copa América de 2019, a icônica camiseta amarelo-canarinho do Brasil foi substituída pela edição comemorativa do histórico conjunto branco e azul, enquanto levavam o título para casa. Em anos recentes, o distintivo conjunto brasileiro verde e amarelo se confundiu com a política à medida que a camisa foi apropriada por apoiadores do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro”, diz a sinalização que explica a peça.
Os itens expostos nessa mostra são parte de uma exposição temporária, feita em parceria com o Design Museum, de Londres, intitulada “Designing the Beautiful Game”. No entanto, tudo que está no local foi aprovado pela Fifa e a entidade máxima do futebol confirmou que autorizou e corrobora da afirmação constante na placa explicativa.
“As duas peças mencionadas [as duas camisas da seleção] estão expostas na seção 'Identidade'. Eles foram selecionados e exibidos para mostrar como as camisas e suas cores e significados no futebol podem criar identidades entre os torcedores de futebol, mas às vezes também podem ser usadas como parte de outras iniciativas dentro de uma sociedade mais ampla, devido ao forte sentimento de pertencimento que criam”, afirmou o Museu da Fifa em contato com a reportagem do tabloide paulista conservador O Estado de S. Paulo.
A camisa da seleção brasileira começou a tomar conotação política ainda antes da explosão de popularidade de Jair Bolsonaro (PL), ocorrida pouco antes da eleição de 2018, da qual o extremista ultrarreacionário saiu vitorioso. Ainda em 2015, quando os primeiros protestos de setores da direita passaram a pedir a derrubada inconstitucional de Dilma Rousseff do poder, por meio de um processo de impeachment sem base jurídica, a vestimenta já era comum nos atos golpistas. Depois, com a chegada de Bolsonaro à Presidência, seus fanáticos e violentos súditos tornaram a peça em algo quase como um uniforme.