Uma pesquisa feita no Reino Unido, a pedido da Associação de Futebol da Inglaterra, mostra que a prática de cabecear a bola aumenta o risco dos jogadores de desenvolverem distúrbios cognitivos.
O estudo analisou questionários de 468 ex-jogadores profissionais britânicos com mais de 45 anos. Eles tiveram que responder quantas cabeçadas deram, em média, por jogo ou treino: zero e cinco vezes, entre seis e 15 ou mais de 15 vezes. Após as respostas, suas habilidades cognitivas foram testadas em entrevistas telefônicas.
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A conclusão foi que os jogadores que mais haviam cabeceado apresentaram um risco mais de três vezes maior de comprometimento cognitivo em comparação com os que cabeceavam menos.
"Resultados semelhantes foram observados com outros testes cognitivos relacionados à demência e à doença de Alzheimer", enfatiza o estudo da FA.
Distúrbios cognitivos abrangem o aumento do esquecimento, redução da atenção, problemas de concentração, distúrbios da fala, problemas de orientação e perda de memória.
A associação, porém, alerta: "como houve apenas 13 casos de demência autorrelatados e diagnosticados por médicos, os resultados e as conclusões referentes a esses casos devem ser interpretados com cautela". Os pesquisadores também ressaltam que é importante mais pesquisas na área para determinar um limite máximo de cabeceadas.
Porém, outros estudos sobre o assunto já foram realizados anteriormente e também encontraram maior risco de distúrbios em jogadores que realizaram mais vezes o cabeceio.
Risco maior em zagueiros
A Universidade de Glasgow, na Escócia, em pesquisa realizada em 2019, mostrou que o risco de jogadores morrerem de Alzheimer ou Parkinson ou outras formas de demência era três vezes e meia maior. A pesquisa analisou as causas de morte de mais de 7.500 jogadores de futebol profissionais escoceses.
A Suécia também realizou um estudo sobre o risco, com 6 mil jogadores de futebol que haviam atuado pelo menos uma partida na liga principal do país entre 1924 e 2019 e concluiu que havia um risco maior de Alzheimer ou outros distúrbios em jogadores profissionais.
Os zagueiros, por serem responsáveis por interceptar a bola e cabecear mais, correm mais risco.
Proibição de cabeceios
Baseados nos estudos, alguns países já proibiram a prática em escolinhas de futebol para crianças de até 12 anos. Em 2022, o Conselho da Associação Internacional de Futebol, órgão regulador do esporte, comunicou às federações que proibissem esse público de cabecear a bola durante as partidas.
Nos Estados Unidos, a prática é proibida desde 2015 para jogadores de futebol de até 10 anos.
Na Inglaterra e na Escócia, cabeceios são proibidos até os 12 anos. O país escocês também tem restrições para profissionais, que não podem fazer a jogada em treinos antes e após uma partida.
Na Premier League inglesa é recomendado "um máximo de dez cabeceios de maior potência em cada semana de treino". Isso se refere a cabeceadas após passes longos, cruzamentos, cobranças de escanteio e de falta.
A Federação Alemã de Futebol determinou uma reformulação no futebol infanto-juvenil até 11 anos: os jogadores mais jovens farão partidas apenas dois contra dois ou três contra três em campos menores e com traves de gol pequenas. O país também destaca a importância de uma boa técnica de cabeceio.
"Entre outras coisas, o treinamento de cabeceio em uma idade jovem deve incluir poucas repetições, o uso de bolas mais leves, tempo de regeneração suficiente para a cabeça e o lançamento inicial com a mão para cabecear a bola", explica a Federação.
*Com informações de Viva Bem UOL