O programa de TV En Boca de Todos, transmitido pela emissora espanhola Cuatro, divulgou trechos exclusivos do depoimento da mulher que acusa Daniel Alves de estupro. O fato ocorreu no dia 30 de dezembro de 2022, na boate Sutton, em Barcelona, e o brasileiro está preso há quatro meses.
Segundo o depoimento, a jovem de 23 anos estava com duas amigas (uma delas é prima) e, enquanto dançavam, um garçom disse a elas que um grupo de homens, de origem mexicana, as convidou a entrar na área VIP. Elas rejeitaram inicialmente, mas minutos depois o mesmo funcionário insistiu por ser “amigo da casa”. As três, então, concordaram.
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“Ele (Daniel Alves) se aproximou de mim e disse: ‘Você não sabe quem eu sou?’. E eu, ‘não’. Ele me disse: ‘Meu nome é Dani’. E ele me disse: ‘Eu jogo petanca (esporte semelhante à bocha) em Hospitalet (cidade espanhola)’. Lembro que ele pegou minha mão e colocou em sua parte de baixo”, explicou ela.
“Ele disse para a gente sair e eu disse que não. Comecei a ter muito medo. E pensei: ‘E se ele colocar algo na minha bebida? E se ele fizer algo com minha amiga?’. Pensei em tudo em pouquíssimo tempo”, relatou.
A resolução do caso está diretamente ligada ao que ocorreu em seguida. A defesa do brasileiro alega que a relação sexual que ambos tiveram em um banheiro da boate foi consentida, enquanto a mulher garante que foi estupro.
Câmeras de segurança mostraram que Daniel foi o primeiro a entrar no banheiro e a jovem foi logo atrás.
“Lembro-me que ele fez um gesto para mim e foi quando eu disse à minha prima que não sabia se devia ir e (ela) me disse: ‘Bom, não tem problema’, e ela fez o gesto de ‘vai embora e pronto’”, disse a jovem.
A denunciante assegurou que não desconfiava do que estaria prestes a ocorrer. “Não, não sabia para onde estava indo. Lembro-me de ir até onde ele estava. Naquele momento, imaginei que era uma porta para a rua ou uma sala VIP ou outra zona da discoteca. Ele abriu a porta, eu me lembro, e eu entrei e quando entrei, vi para onde ia, vi que era uma pia minúscula, era muito, muito pequena, só tinha banheiro e lugar para lavar mãos. Naquele momento começou meu choque. Eu não entendi nada, fiz menção de me virar e ele já tinha fechado a porta".
Ambos ficaram 17 minutos no banheiro. “Ele levantou meu vestido e me fez sentar nele. Lembro-me de dizer a ele: ‘Não posso, não posso, tenho que ir, não quero’. E ele começou a me contar muitas coisas. Depois, me colocou no chão, fiquei em choque, não sabia o que fazer ali”, disse a jovem.
Sobre o uso de força, ela afirmou: “Ele não só agarrou meu cabelo e me fez ajoelhar na frente dele. Naquele momento, vi uma tatuagem, como um arco (Daniel tem uma tatuagem íntima). Eu pensei ‘esse cara vai me machucar muito’. Fiquei com muito medo, o rosto, a tatuagem e até hoje são cenas que não saem da minha mente”.
O portal espanhol El Periódico havia revelado, em janeiro, que a mulher garantiu que jogador a “obrigou a sentar em cima dele, jogou-a no chão, obrigou-a a fazer sexo oral nele. Ela tentou resistir, mas levou um tapa. Ele, então, levantou-a do chão e a penetrou até ejacular”. Nos trechos veiculados no programa En Boca de Todos, esse momento não foi divulgado em detalhes.
O canal de TV espanhol veiculou, ainda, trechos do depoimento das duas amigas da denunciante. Ambas confirmaram o depoimento da jovem e mencionaram o comportamento inadequado do brasileiro.
“Ele agarrou meu rosto e acariciou meus cabelos. Começou a tocar nas minhas costas e desceu na minha bunda”, comentou uma delas. A outra acrescentou: “É verdade que ele dançou conosco e ele tocou minhas partes íntimas enquanto dançávamos”.
Uma das amigas também falou sobre o que teria ocorrido no banheiro. “A prima dela (denunciante) veio e me disse: ‘Ele tocou no meu c*’. Ela estava lá e eu o vi caminhar em direção à porta. Foi quando os perdi completamente de vista”.
Por sua vez, a outra declarou: “Ela foi voluntariamente, pensou que eles iam conversar e eu disse a ela: ‘Vá e resolva isso’. Fiz o gesto com a mão. 15 ou 20 minutos se passaram. Dani voltou primeiro, ela estava com a cara feia”.
Na sequência, a denunciante pediu para deixar o local e perto de onde se guardam casacos, começou a chorar diante da prima e da amiga. Ela contou por alto o que havia ocorrido no banheiro, e imediatamente, o segurança da boate disse que não poderia sair, pois se o fato fosse verdade o estabelecimento teria de “ativar o protocolo”.
“Ela não quis denunciar. Comecei a chorar com ela. Os Mossos (d'Esquadra) chegaram e o protocolo foi ativado lá”, disse uma amiga.
"Lesões compatíveis com uma luta"
Os agentes de segurança da Catalunha foram ao local junto com uma ambulância, que encaminhou a jovem ao Hospital Clínic. Lá foram realizados exames, que, segundo fontes do portal El Periódico, mostraram que ela apresentava lesões “compatíveis com uma luta”.
Passadas 48 horas, a jovem compareceu a uma delegacia para apresentar queixa e entregou o relatório médico, juntamente com a roupa que vestia naquela noite, o que foi fundamental para confirmar que o sêmen era de Daniel Alves.