O zagueiro Paulo Miranda e o meia Gabriel Tota, que atuaram em 2022 pelo Juventude de Caxias do Sul (RS), estão entre os 7 atletas suspeitos de envolvimento no esquema de manipulação de jogos para beneficiar determinadas apostas esportivas. A dupla teria, inclusive, feito uma chamada de vídeo dentro do vestiário com o principal aliciador do esquema.
A informação consta na denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público de Goiás e aceita na última terça-feira (9). Os investigadores incluíram no documento fotos dos jogadores conversando com Bruno Lopez, o homem apontado como o chefe da quadrilha de aliciadores.
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De acordo com a investigação a chamada de vídeo aconteceu em 16 de outubro de 2022, às 16h44, quando o Juventude se preparava para a partida contra o Atlético-GO, às 18h, no Alfredo Jaconi – casa da equipe alviverde. A partida terminou empatada em 1 a 1.
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Logo após a chamada de vídeo, Lopez enviou um áudio a um grupo de WhatsApp que trata do esquema. “O Tota foi até lá no vídeo, mostrou o Paulo Miranda e falou: ‘Olha Paulo Miranda, eu conheço também. Olha, o homem que dá dinheiro pra nós tá aqui'. Os caras deram risada e tal. No vestiário, os caras são malucos, o vestiário [apareceu] no vídeo”, diz o confuso áudio do suspeito de chefiar o esquema que aqui tentamos deixar um pouco mais compreensível.
Àquela altura, o esquema de apostas já havia obtido êxito em manipular alguns resultados com os jogadores do Juventude. Além da dupla, o lateral esquerdo Moraes foi acusado de participar do esquema, mas fez acordo com o MP e agora é uma testemunha do caso.
Tota e Miranda são réus e a principal acusação é de terem violado o artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, que versa sobre “solicitar ou aceitar, para si ou outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de uma competição esportiva”. Se condenados, podem pegar de 2 a 6 anos de prisão e multa.
Os jogos manipulados
Na derrota sofrida em São Paulo por 2 a 1 para o Palmeiras, campeão brasileiro de 2022, em 10 de setembro, o lateral esquerdo Moraes deveria receber um cartão amarelo para faturar R$ 30 mil. Ele recebeu R$ 5 mil de antemão e, ao final da partida, cumpriu com a “missão”.
Apenas 8 dias depois, quando o Juventude empatou em casa com o Fortaleza em 1 a 1, foram prometidos R$ 60 mil para que Paulo Miranda também recebesse um cartão amarelo. Os R$ 5 mil de adiantamento foram depositados a Tota que deveria repassar ao zagueiro. No jogo, Miranda acabou tomando a advertência do árbitro.
O terceiro jogo com a suspeita de manipulação ocorreu na derrota do Juventude por 1 a 0 para o Goiás, em Goiânia. Nesta partida havia duas promessas, ambas no valor de R$ 50 mil. A primeira, com adiantamento de R$ 20 mil, previa um novo cartão amarelo a Moraes. Na segunda, também pelo recebimento de um cartão amarelo, foram adiantados R$ 10 mil a Paulo Miranda.
O Juventude acabou rebaixado para a Série B ao final do Campeonato Brasileiro de 2022.
O que diz o clube
Em nota enviada à imprensa, o Juventude repudiou o esquema, afirmou que tais práticas não condizem com os valores do clube gaúcho e prometeu colaborar com as investigações.
“É inadmissível, e por todas as formas condenável, condutas ilícitas, antiéticas, imorais e antidesportivas, inaceitáveis em qualquer nível. Com essa convicção, O Esporte Clube Juventude, em face das recentes publicações divulgadas na imprensa relacionadas à ‘Operação Penalidade Máxima’, citando nominalmente três atletas que atuaram pelo Clube em 2022, e que atualmente estão vinculados a outras agremiações, como investigados na referida operação, reitera o seu firme posicionamento de colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, para que os fatos sejam regularmente apurados e os responsáveis identificados e responsabilizados na forma e no rigor da lei”, diz a nota.