Daniel Alves, o jogador de futebol brasileiro que disputou três Copas do Mundo pela seleção e que foi astro do Barcelona, está preso numa penitenciária da Catalunha há mais de um mês, sob a acusação de ter estuprado uma jovem de 23 anos numa casa noturna da capital catalã. A notícia não é novidade, mas as constantes mudanças de versões sobre aquela noite e as novas estratégias da defesa do atleta parecem estar complicando ainda mais a sua situação.
Depois de contratar o badalado e caríssimo advogado criminalista Cristóbal Martell, algumas teses de defesa de Daniel Alves têm surtido o efeito contrário do esperado. Em vez de colocá-lo numa posição mais tranquila, os argumentos vêm despertando indignação na opinião pública e piorando a imagem do futebolista, que pode ser condenado a até oito anos de prisão.
Na mais nova teoria usada por seu advogado, não teria ocorrido estupro: O motivo? Segundo Martell, como os laudos apontam que na região vaginal não havia lesões compatíveis com uma penetração seca e violenta, o sexo teria sido consensual. Ou seja, ele alega que a suposta vítima estava lubrificada, portanto, excitada, o que no seu raciocínio aponta para uma relação feita em comum acordo entre seu cliente e a alegada vítima.
A informação, tecnicamente falando, não tem qualquer sentido. O diário carioca O Globo ouviu a ginecologista Marianne Pinotti, que é integrante do grupo de cirurgia oncológica da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, que explicou que o fato constatado no exame não significa muita coisa.
“A presença de muco lubrificante na vagina não quer dizer que ela estava excitada na hora da relação sexual”, comentou Marianne.
“O ponto forte é na excitação, mas durante o ciclo menstrual tem momentos que a lubrificação está maior ou menor. Em paralelo, existem situações que geram uma lubrificação não fisiológica, que é causada por um corrimento vaginal, por exemplo”, explicou também um outro especialista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maurício Abrão, que é coordenador de ginecologia da instituição.
A tese da “lubrificação” gerou uma forte indignação nas redes sociais. Usuários que acompanham o caso em todo o mundo criticaram a postura do advogado, e por consequência de Daniel Alves, de tentar de todas as formas criminalizar a suposta vítima do crime.
Situação só vem piorando
A situação de Daniel Alves se complica a cada novidade nas investigações sobre a denúncia de agressão sexual. O jogador continua preso na Espanha acusado de estuprar uma jovem de 23 anos na boate Sutton, em Barcelona, no dia 30 de dezembro de 2022.
Testes de DNA, realizados com vestígios colhidos no banheiro da casa noturna e no exame de corpo de delito da vítima, comprovaram que houve penetração vaginal, de acordo com informações do jornal espanhol El Periódico.
O jornal teve acesso a fontes que confirmaram que os restos de sêmen coletados das amostras intravaginais da vítima são mesmo de Daniel Alves, conforme comprovam os resultados obtidos pelo Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências Forenses da Espanha.
As amostras de sêmen foram coletadas de lugares diferentes: da cueca de Daniel Alves, do chão do banheiro da boate e do vestido que a vítima entregou à perícia no momento em que fez a denúncia contra o brasileiro.
Daniel Alves entregou, de forma voluntária, uma amostra de seu DNA, possivelmente da saliva, antes de ser preso, no dia 20 de janeiro. O perfil genético do jogador foi comparado às amostras e todos os testes foram positivos.
Jogador mudou de versão
Ainda segundo El Periódico, a amostra coletada da cavidade intravaginal da vítima, em especial, comprova que houve penetração e não somente sexo oral, como Daniel Alves havia declarado inicialmente.
Câmeras também provam
Novos registros feitos por duas câmeras de segurança da boate Sutton, de Barcelona, aos quais tiveram acesso jornais catalães, entre eles o El Periódico, mostram que uma informação fundamental dada desde o início pelo jogador Daniel Alves, acusado de ter estuprado uma jovem de 23 anos no local, na madrugada de 31 de dezembro do ano passado, é falsa.
Ainda que tenha mudado de versão pelo menos cinco vezes, alegando os mais diversos motivos, como tentar evitar uma crise em seu casamentou ou estar embriagado, o ex-craque do Barcelona reiterava desde seu primeiro depoimento que entrou no banheiro da área reservada do camarote antes da mulher que o acusa e que só depois de alguns minutos ela ingressou no lavabo.
Diante da nova informação, a situação do boleiro fica ainda mais complicada, uma vez que ele assegurava a todo momento que a jovem é quem teria ido atrás dele no lavabo. Essa versão já era apresentada desde quando a acusação veio à tona e depois foi reforçada por seu novo defensor, o prestigiado e renomado criminalista Cristóbal Martell. Só que, com os dois novos vídeos, Daniel Alves tem agora um novo problema diante da corte de Justiça da Catalunha.