MUNDIAL DE CLUBES

Flamengo decepciona no Mundial de Clubes mas vence o Al Ahly, do Egito, e garante 3º lugar

Derrotas de Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG na última década para equipes africanas e asiáticas acendem alerta para o futebol brasileiro

Pedro marca o quarto gol do Flamengo contra o Al Ahly.Flamengo decepciona no Mundial de Clubes mas vence o Al Ahly, do Egito, e garante terceiro lugarCréditos: Reprodução/TV Globo
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Com dois gols de Pedro e mais dois de Gabriel Barbosa, o Gabigol, o Flamengo venceu o Al Ahly, do Egito, neste sábado (11), por 4 a 2, e garantiu a terceira colocação no Mundial de Clubes da Fifa após decepcionar sua imensa torcida na semifinal, perdida para o Al Hilal, da Arábia Saudita, por 3 a 2. Com quatro gols ao todo, Pedro é o artilheiro provisório da competição e só perde o posto caso Salem Al-Dawsari faça um hat trick na grande final contra o Real Madrid.

Apesar do placar elástico, o jogo não foi fácil para o Rubro-negro. O Flamengo abriu o placar logo no início da partida, aos 9 minutos, com Gabigol de pênalti. Mas o Al Ahly, um dos maiores clubes africanos, fez jogo duro e empatou aos 36 minutos, com Abdelkader de cabeça, após cobrança de escanteio pelo lado esquerdo do ataque.

E a partir de então, os egípcios mantiveram um bom domínio do jogo e conseguiram virar a partida, novamente com Abdelkader, aos 14 minutos do segundo tempo. Um golaço: Abdelkader recebeu no canto esquerdo da grande área, driblou para o meio, deixando Davi Luiz no chão, e arrematou no canto esquerdo de Santos. Indefensável.

Melhor postado, o Al Ahly mantinha o domínio do jogo quando em um contra-ataque, aos 24 minutos do segundo tempo, o lateral Ayrton Lucas arrancou pela esquerda em direção à área adversária e foi derrubado por trás por Abdelfattah. Falta e cartão vermelho para o jogador do Al Ahly. O empate do Mengão não saiu nesse lance, mas a perda de um jogador fez com a equipe egípcia não conseguisse manter a boa performance e abriu caminho para o crescimento do Flamengo no jogo.

O Mengão então pressionou, até que aos 31 minutos conseguiu o empate em um lance de puro oportunismo de Pedro. Após cruzamento cortado pelo goleiro, a bola pingou na área e o centro avante aproveitou a deixa para mandar a bola para o fundo das redes. A virada veio aos 39 minutos, com nova cobrança de pênalti de Gabigol. Aos 45 minutos, após falha na saída de bola do Al Ahly, Pedro dominou na entrada da área, limpou um zagueiro, e marcou um golaço para dar números finais à partida.

A vitória sem dúvida traz alguma alegria para a imensa torcida rubro-negra após a decepção da semifinal. Decepção essa muito falada nos meios de comunicação e tratada, erroneamente, como um vexame. Afinal de contas, não é a primeira vez que um brasileiro cai para equipes africanas e asiáticas. Além da derrota do Flamengo para o Al Hilal, nos últimos dez anos outras grandes equipes do futebol brasileiro também ficaram fora da grande final.

Em 2013 foi a vez do Atlético-MG, que caiu para o Raja Casablanca, do Marrocos. Mais tarde, em 2021, o Palmeiras perdeu para o mesmo Al Ahly na disputa de terceiro lugar, nos pênaltis, após um jogo horroroso que terminou sem gols. O alviverde já havia perdido, na semifinal, para a boa equipe do Tigres, do México.

As recentes derrotas de brasileiros para clubes não europeus no Mundial de Clubes da Fifa, somadas até mesmo com as campanhas da seleção nas últimas Copas do Mundo, ligam um alerta para todo o futebol brasileiro. Afinal de contas, ainda somos os maiorais do futebol?

A bem da verdade, a resposta é negativa: não somos mais. Mas isso não quer dizer que sejamos ruins, pelo contrário, o futebol brasileiro ainda tem seu valor, e ele é alto. O que precisamos é descer do salto alto e parar de tratar derrotas para clubes sauditas, marroquinos e egípcios, ou para seleções como a Bélgica e a Croácia, nos termos de um vexame apocalíptico.

Em nível de clubes, apenas as grandes agremiações europeias estão num patamar mais elevado. E simplesmente pelo fato de que dispõem de recursos para contratar os melhores jogadores do planeta. Agora, no que se refere às Américas, Ásia e África, o nível parece bem próximo, haja vista a partida que assistimos neste sábado.

Já em termos de seleção, é claro que estamos acima de Arábia Saudita, Marrocos e Egito – em que pese os marroquinos terem ido mais longe do que nós no Catar. Mas isso não significa que poderemos ganhar uma Copa do Mundo a qualquer momento, jogando de qualquer maneira, e se dando ao luxo de fazer uma anti-convocação, como a do lateral direito Daniel Alves – chamado por ser “bom de vestiário” e, nem um mês depois, aparecer preso na Espanha acusado de estupro.

Seguimos tendo talento. Temos história. Mas já não temos uma lista interminável de craques como nas décadas de 50, 60, 70, 80 e 90. É possível vermos o futebol brasileiro de volta ao topo incontestável do mundo da bola, somando clubes e seleção, mas preciso que tenhamos mais humildade para tal.

Voltando ao Mundial de Clubes da Fifa de 2023, horas depois do jogo do Mengão o Real Madrid foi o grande campeão da edição, após bater o Al Hilal por 5 a 3, em partida disputada em Rabat, neste sábado (11). Os gols do Real foram marcados por Valverde (2), Benzema e Vinícius Júnior (2), enquanto os sauditas marcaram com Vietto (2) e Marega. O meia Salem Al-Dawsari, que marcou aquele golaço contra a Argentina na Copa do Mundo do Catar, passou em branco dessa vez.