Um projeto de lei (PL) que tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), de autoria do deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF), pretende alterar o nome do Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília.
A iniciativa foi tomada após declarações racistas e homofóbicas do ex-piloto bolsonarista contra o britânico Lewis Hamilton.
“Infelizmente, essa denominação não merece ser mantida, porque recentes declarações notoriamente racistas e homofóbicas por parte do ex-piloto tornaram sua associação com o Distrito Federal motivo de constrangimento para nossa população”, destaca um dos trechos do PL, apresentado por Felix.
Depois de chamar Hamilton de “neguinho”, em tom nitidamente racista, Piquet, em outra entrevista, foi mais além. Questionado sobre a temporada de 1982 e, mais especificamente, sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg, ele disse: “Uma bosta”.
Mais adiante, Piquet resolveu comparar o piloto com a situação do filho dele, Nico Rosberg, campeão mundial de 2016. É aí que, além de repetir a ofensa racista, ainda empreendeu um gancho homofóbico contra Hamilton.
“O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí tava meio ruim”, afirmou, em meio às gargalhadas.
Depois de se desculpar por ter chamado o Hamilton de “neguinho”, o bolsonarista voltou atrás e manteve o que falou.
“Não há nada, nada que eu disse errado”, ratifica Piquet
“Isso é tudo besteira, eu não sou racista. Não há nada, nada que eu disse errado. O que eu disse é uma palavra muito suave e até a usamos para alguns de nossos amigos brancos. Eu usei essa palavra quase um ano atrás na entrevista e eles inventaram isso. Isso me causou alguns problemas, mas para ser honesto com você, eu realmente não me importo”, afirmou o ex-piloto brasileiro.
Não foi isso que ele deu a entender depois da repercussão mundial em relação à forma como se referiu a Hamilton. Piquet não aguentou a pressão e pediu desculpas ao heptacampeão de Fórmula 1 e a todos os que foram afetados por ter se referido a ele de forma racista.
O ex-piloto bolsonarista ainda negou que tenha usado o termo "neguinho" com intenção de ofender, e afirma que o termo é comum no Brasil.
"O que eu disse foi mal pensado, e eu não vou me defender por isso, mas eu vou deixar claro que o termo é um daqueles largamente e historicamente usados de forma coloquial no português brasileiro como sinônimo de 'cara' ou 'pessoa' e nunca com intenção de ofender. Eu nunca usaria a palavra que estou sendo acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele", afirmou.
Ao final, ele destacou: "Eu me desculpo com todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um grande piloto, mas a tradução em algumas mídias e que agora circula nas redes sociais não é correta. Discriminação não tem espaço na F1 ou na sociedade e estou feliz em deixar claro meus pensamentos sobre isso".