Um ataque com mísseis em uma instalação de petróleo perto da pista de Jeddah, na Arábia Saudita, colocou em risco a realização da Fórmula 1 no país. Preocupados com sua própria segurança, pilotos ameaçaram boicotar a competição.
Foram necessárias horas de conversa para que os participantes concordassem em seguir no torneio. Os pilotos conversaram com figuras seniores da F1, como o CEO Stefano Domenicali e o diretor de automobolismo Ross Brawn, e chefes de equipe para expressar suas ansiedades sobre o assunto.
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As discussões ocorreram depois que o próprio Domenicali garantiu aos chefes de equipe que as condições de segurança em Jeddah eram boas. Ele afirmou que a F1 estava feliz em continuar a corrida por causa das promessas feitas por autoridades sauditas.
“Recebemos a total garantia de que, para o país, a segurança está em primeiro lugar, não importa a situação – a segurança tem que ser garantida”, disse. “Eles [oficiais locais] estão aqui com suas famílias, na verdade aqui na pista, então eles têm todos os sistemas para proteger esta área, a cidade e os lugares que estamos indo."
Após mais de quatro horas de reunião, a Fórmula 1 assegurou, na manhã deste sábado (26), que a competição irá continuar. "Depois de discussões com os times e pilotos, a F1 vai continuar como planejado. Depois do acidente acontecido em Jeddah na sexta, as autoridades governamentais e as agências de segurança deram detalhes de que o evento é seguro", escreveu o torneio em publicação nas redes sociais.
Hamilton demonstra desconforto com organização da F1 na Arábia Saudita
Lewis Hamilton já havia criticado a realização da Fórmula 1 na Arábia Saudita. O heptacampeão mundial demonstrou desconforto sobre as questões de direitos humanos no país e pediu mudanças.
"Não é necessariamente nossa responsabilidade sermos trazidos aqui, mas tentamos fazer o que podemos, e acho importante tentarmos nos educar. Em última análise, é responsabilidade daqueles que estão no poder realmente fazer mudanças, e não estamos vendo nenhuma. Então, precisamos ver mais", cobrou Hamilton.
Nesta sexta-feira, o piloto afirmou estar aberto a um encontro com as autoridades sauditas em busca de mudanças.
"É, naturalmente, uma situa??ão muito, muito complexa. Mas estou sempre aberto a ter uma discussão para aprender mais, para tentar entender exatamente por que o tipo de coisa que está acontecendo aqui está acontecendo, por que não está mudando. Porque é 2022. É fácil fazer mudanças", disse o britânico.
A Arábia Saudita é um dos países a criminalizar a homossexualidade, além de adotar medidas restritivas às mulheres, proibidas de interagir com homens, e de casar-se, divorciar-se, abrir empreendimentos, viajar, deixar a cadeia ou abrigos sem a autorização de um tutor masculino.
O risco de a F1 ser utilizada pela Arábia Saudita para o chamado "sportwashing", ou lavagem esportiva, que se refere ao uso do esporte para limpar a imagem do país, chegou a ser destacado no ano passado pela Anistia Internacional, órgão global de proteção aos direitos humanos.