O ADEUS AO REI

Relembre os títulos do Rei Pelé e entenda a discrepância na contagem dos seus gols

Sabemos que o ídolo máximo do futebol brasileiro marcou 1282 gols em 1363 jogos, mas contagem da FIFA é outra; entenda

Pelé faz o seu famoso ˜soco no ar" durante jogo da Seleção Brasileira..Três Copas do Mundo, 10 Campeonatos Paulistas, 6 vezes campeão nacional, 2 Copas Libertadores da América, 2 Mundiais de Clubes e muito maisCréditos: Reprodução/Acervo CBF
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Rei Pelé não é chamado dessa forma por acaso. Suas três Copas do Mundo, entre outros títulos pela Seleção Brasileira, somados às 46 taças levantadas pelo Santos, o fazem o jogador mais bem sucedido da história e ídolo máximo do futebol brasileiro, transcendendo a paixão clubista. Qualquer torcedor de Palmeiras, Corinthians ou São Paulo, por exemplo, rivais do Santos, sabem da importância do Rei e o guardam em um local especial no coração futebolista - talvez não tão especial como o dos santistas, mas com carinho e respeito.

Todos sabemos que ao longo de 18 anos jogando pelo alvinegro da Vila Belmiro, o Rei marcou 1091 gols em 1116 jogos. Somado a outras camisas, sobretudo da seleção, Pelé atingiu um total de 1282 gols em 1363 jogos - 58 deles em um único Campeonato Paulista, em 1958. Mas não é essa, exatamente, a contagem da FIFA.

Para o órgão máximo do futebol mundial, o Rei Pelé teria marcado apenas 767 gols e está em quarto lugar na artilharia histórica do esporte, atrás do baixinho Romário que também não marcou mil gols de acordo com a FIFA, mas 772. Em segundo lugar está o austríaco Josef Bican (805) e no topo o português Cristiano Ronaldo, com mais 800 gols. Ou seja, é como se aquele gol histórico de pênalti contra o Vasco da Gama em 1969, no Maracanã, que marcou seu milésimo tento, não tivesse acontecido.

A discrepância ocorre porque na contagem da FIFA não são computados os tentos marcados em jogos considerados amistosos ou festivos. Resumindo, a FIFA só valida os gols marcados em “jogo de campeonato”, como é costume dizer na gíria futeboleira. E entre os 517 gols subtraídos do Rei pelo FIFA, alguns são perfeitamente compreensíveis, como os 14 gols marcados pelo time das Forças Armadas e outros três pelo Sindicato dos Atletas, ambos em jogos festivos, mas que estão na chamada “contagem brasileira”.

No entanto, a maior parte dos gols retirados da contagem constam em 'amistosos sérios', digamos assim, em que o Santos excursionou para a Europa por diversas vezes e enfrentou clubes gigantes do futebol europeu. Podiam não ser ‘jogos de campeonato’, mas tinham um grande valor para todos os envolvidos.

Em excursão santista de 1959, por exemplo, Pelé marcou um gol na derrota por 5 a 3 para o Real Madrid do craque argentino Alfredo Di Stéfano no único embate entre ambos. Em outra partida daquela excursão, Pelé marcou quatro na goleada por 7 a 1 sobre a Inter de Milão e mais dois em outra goleada, dessa vez sobre o Barcelona, por 5 a 1.

Na década seguinte, o Santos priorizou a disputa do Campeonato Paulista e a realização dessas excursões. A Copa Libertadores da América, atualmente considerada uma obsessão por muitos clubes brasileiros, na época não era exatamente a prioridade, nem do Santos, nem de outros clubes. O próprio Santos, após vencê-la em 1962 e 1963, se irritou com as eliminações nas semifinais nos dois anos seguintes, marcadas por episódios polêmicos, e retirou o time do campeonato nas três edições posteriores, mesmo classificando-se para a disputa. Os altos custos da viagem e a bronca com o favorecimento a argentinos e uruguaios pesou na decisão santista.

À Revista Placar, José Macia, o Pepe, parceiro de Pelé e autor de 405 pelo Santos, explicou o abandono da Libertadores. “Os dirigentes achavam que não era interessante. Por questões financeiras, o Santos preferiu priorizar as excursões internacionais para conseguir bancar seus sete ou oito jogadores de seleção”. Realmente, naquele tempo os custos para disputar uma Libertadores ainda eram algo a ser pensado pelos grandes clubes brasileiros, diferente dos dias atuais em que não há qualquer problema, tanto pelo fato de que as viagens aéreas estão muito mais popularizadas do que 60 anos atrás, como pelos próprios clubes hoje serem donos de verdadeiras fortunas advindas de patrocinadores, televisão, entre outras fontes. Naquela época as fontes eram muito mais limitadas.

Títulos de Pelé pelo Santos

2 Copa Libertadores da América - 1962 e 1963

2 Copa Intercontinental (atual Mundial de Clubes) - 1962 e 1963

Recopa Intercontinental - 1968

Recopa Sul-Americana - 1968

5 Taça Brasil (atual Campeonato Brasileiro) - 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965

Torneio Roberto Gomes Pedrosa (atual Campeonato Brasileiro) - 1968

11 Campeonato Paulista - 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973

4 Torneio Rio-São Paulo - 1959, 1963, 1964 e 1966

Torneio Tereza Herrera (1959)

Torneio Pentagonal do México (1959) 

Torneio de Valência (1959)

Torneio Dr. Mario Echandi (1959)

Torneio Giallorosso (1960)

Torneio Quadrangular de Lima (1960)

2 Torneio de Paris (1960 e 1961)

Torneio Itália (1961)

Torneio Internacional da Costa Rica (1961)

Torneio Pentagonal de Guadalajara (1961

Taça das Américas (1963)

Torneio Internacional da Venezuela (1965)

2 Torneio Hexagonal do Chile (1965 e 1970)

Torneio Internacional de Nova York (1966)

Torneio Pentagonal de Buenos Aires (1968)

Torneio Octogonal do Chile (1968), Torneio da Amazônia (1968)

Torneio de Kingston (1971)

Torneio Laudo Natel (1974).

Títulos pelo New York Cosmos

North American Soccer League - 1977

Títulos pela Seleção Brasileira

3 Copa do Mundo FIFA: 1958, 1962, 1970

Taça do Atlântico: 1960

2 Copa Roca: 1957, 1963

3 Taça Oswaldo Cruz: 1958, 1962, 1968

Taça Bernardo O'Higgins: 1959

*Com informações da Revista Placar.