Técnico da seleção brasileira de futebol que disputa a Copa do Mundo no Qatar a partir de 20 de novembro, Adenor Leonardo Bachi, o Tite, criticou em entrevista a Bruno Marinho, Diogo Dantas, Renan Damasceno, no jornal O Globo deste domingo (23), o uso da camisa da CBF por Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores durante a campanha eleitoral, que se encerra no próximo domingo (30).
Ao ser indagado sobre o que a camisa da seleção "passou a representar na política nos últimos anos", Tite rebateu de pronto.
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"Eu digo para você: pega essa torcida e deixe que ela fique com essa batalha. Eu não luto essa batalha. A batalha do futebol é a da educação, da competição para ser melhor, mas com limites éticos, e a de ser o mais arrojado, o mais criativo. E a de respeitar nossas origens. Pegue esse peso e fique com eles, eu digo: 'essa batalha fica contigo, não transfira para mim'", afirmou.
Tite ainda lembrou que foi contra a realização da Copa América no Brasil em 2021, em meio à pandemia. O campeonato seria realizado na Colômbia, que recusou devido à instabilidade política à época, e na Argentina, que desistiu por causa do agravamento da pandemia. Bolsonaro, então, decidiu sediar o campeonato mesmo com o Brasil batendo quase 500 mil mortes pela Covid.
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"Eu temi a reação das pessoas na Copa América (em 2021), por causa da Covid-19. (...) Nós fizemos uma reunião com o presidente da CBF, eu, seis atletas e o Juninho (coordenador de seleções). Foi unânime o pedido de não realização. Eu, Neymar, Alisson, Danilo, Casemiro, Marquinhos e Thiago Silva. Pedimos: “não façam, por favor”. Eu encabecei e fiz o pedido, porque não havia atmosfera humana. Então, quando há necessidade de se posicionar, a gente faz. Às vezes, sem o devido alarde. Ninguém deixou de se posicionar", disse Tite, que classificou o momento como o mais difícil à frente da seleção.
"Tivemos maturidade, enquanto grupo, exemplar. Eu me orgulho muito. Ninguém é alienado, todos particularmente têm suas posições, que as faça no particular. Aqui a prioridade, qual é? É a seleção brasileira? Então é isso. Tem outras questões importantes, mas elas não são nossa batalha. O futebol não vai trazer uma igualdade social maior. Ele vai trazer alegria, senso educacional, ético, competitivo, lúdico. Cada um com suas responsabilidades", emendou.
O técnico da seleção ainda que não irá, de forma alguma, ao Planalto após a Copa no Qatar.
"Eu não vou, nem ganhando nem perdendo. A seleção pode ir e eu não vou. É uma questão pessoal. E ela não depende de quem vai ganhar a eleição. Eu falei isso (pela 1ª vez) quando era o Michel Temer presidente. Não me sinto confortável, não é o meu chão".