Alvo de manifestações racistas em ao menos três ocasiões, o jogador Celsinho, do Londrina, resolveu aproveitar a comemoração de um gol que fez nesta quarta-feira (1) para passar um recado contra o preconceito.
Ao marcar o segundo gol de sua equipe contra o Coritiba, em partida válida pela série B do Campeonato Brasileiro, o meio-campista se ajoelhou e ergueu um dos braços com o punho cerrado.
Trata-se de um gesto de resistência que foi eternizado, principalmente, pelos Panteras Negras na década de 60, nos Estados Unidos, e também pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), mais recentemente. O gesto do braço erguido com punho cerrado também é utilizado ao redor do mundo por movimentos de esquerda.
Assista à cena.
Racismo
Celsinho foi alvo de ataques racistas pela terceira vez em menos de dois meses em jogos da Série B do campeonato brasileiro.
Durante a partida contra o Brusque, na cidade catarinense no último sábado (28), Celsinho disse ter sido chamado de “macaco” por um integrante da comissão do clube adversário.
Na súmula do jogo, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior confirmou o ato racista que teria sido desferido por Júlio Antônio Petermann.
Em nota, no entanto, o Brusque nega o ato racista e diz que o jogador do Londrina “é conhecido por se envolver neste tipo de episódio”.
“O atleta, por sua vez, é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3a vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira “perseguição” ao mesmo. Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de “macaco”, mas sim que teriam dito “vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha”, o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos”, diz a nota, que ressalta que “jamais permitiríamos qualquer atitude de conotação racista em nosso Clube”.
A principal patrocinadora do Brusque FC é a rede de lojas Havan, cujo dono é Luciano Hang, um dos principais empresários apoiadores de Jair Bolsonaro.
No dia 17 de julho, Celsinho foi alvo de ataques racistas do comentarista Vinícius Silva e do narrador Romes Xavier, da Rádio Bandeirantes, durante transmissão do empate sem gols contra o Goiás. A dupla pediu desculpas nas redes sociais e foi afastada da emissora.
Menos de uma semana depois, contra o Remo, o narrador Cláudio Guimarães, da Rádio Clube do Pará, afirmou que Celsinho “vai com seu cabelo meio ninho de cupim para bater na bola”. Guimarães foi afastado pela emissora e também pediu desculpas pelo comentário.