Por Eduardo Lima e Leandro Massoni
A mais jovem medalhista brasileira em jogos olímpicos, Rayssa Leal, já tem novos objetivos para a carreira. A “Fadinha”, que faturou a prata no skate street nessa segunda-feira (26), em Tóquio (Japão), deseja agora aprender a manobra "Caballerial tail de back", feita parcialmente por Kelvin Hoefler, vice-campeão olímpico entre os homens.
Até hoje, nenhuma mulher conseguiu fazê-la em um evento oficial e caso fosse concretizado pela jovem maranhense, o feito derrubaria mais um tabu frente ao skate masculino, que enxerga de perto a rápida ascensão das mulheres sobre a prancha.
“Eu quero aprender manobras novas e chegar em um campeonato e ninguém saber o que eu vou fazer... aí pum, você acerta. O nível do skate está cada vez maior entre as mulheres”, disse a jovem atleta.
Nada de Bolsa Atleta para a “Fadinha”
O curioso é que o skate brasileiro, como modalidade estreante nesta edição das Olimpíadas, contou com um incentivo do governo de R$ 3,2 milhões, que até o momento resultou em duas medalhas. Porém, Rayssa Leal não teve direito a esse benefício.
Isso porque, pelo Bolsa Atleta, os recursos federais beneficiaram 65 skatistas. A elite do esporte teve direito de inscrição para o Bolsa Pódio, a categoria mais alta do programa. Já a “Fadinha”, de apenas 13 anos, não tem a idade mínima para receber o dinheiro, que é de 14 anos.
Apesar disso, Rayssa marcou seu nome nos Jogos Olímpicos de Tóquio e hoje está entre as melhores do mundo, podendo futuramente estar entre os 20 mais bem qualificados no ranking mundial de sua categoria para pleitear a Bolsa Pódio.
E a conquista histórica da “Fadinha”, inclusive, foi comemorada por vários nomes da política brasileira, menos por Jair Bolsonaro (sem partido). Desde o início das Olimpíadas, não se teve notícias de comentários nas redes sociais da parte do presidente quanto aos jogos esportivos.
Mas isso não significa que os bolsonaristas não estão atentos aos jogos e aproveitam cada oportunidade para mostrar o que realmente pensam para o Brasil.
Como foi o caso do deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) que aproveitou a conquista da atleta para defender o trabalho infantil e a mudança no Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente):
“As crianças brasileiras de 13 anos não podem trabalhar, mas a skatista Rayssa Leal ganhou a medalha de prata na Olimpíadas… Ué! É pra pensar… Parabéns a nossa medalhista olímpica! E revisão do Estatuto da Criança e Adolescente já!”, disse Sóstenes Cavalcante em seu perfil no Twitter.