A diretoria do Bahia divulgou nesta quarta-feira (23) o resultado de uma investigação interna realizada pelo clube, com a qual assegura que não houve agressões racistas do meia colombiano Juan Pablo Ramírez contra o volante Gérson, do Flamengo, na partida entre os dois clubes realizada no último domingo (20), no Maracanã (e que foi vencida pelo Flamengo, pelo placar de 4x3).
Após aquela partida, Gérson deu uma entrevista ao canal SporTV alegando que em uma discussão com Ramírez após o segundo gol do Bahia, o adversário teria dito a ele “cala a boca, negro”. No dia seguinte, a imprensa esportiva também revelou outra acusação, do atacante flamenguista Bruno Henrique, também apontando Ramírez como autor da injúria racial.
No entanto, a perícia encomendada pelo Bahia, que envolveu dois especialistas sul-americanos em fonoaudiologia – o chileno Eduardo Llanos e o argentino Roberto Niella –, baseado nas imagens da transmissão oficial da partida, afirma que Ramírez não teria pronunciado a frase “cala a boca, negro”, nem a palavra negro, durante aquele momento mencionado por Gérson.
“Junto com a fonoaudióloga forense, que é especialista em leitura labial, foi constatado tecnicamente que não existe a palavra ‘negro’ em nenhuma das frases faladas pelo Ramírez na discussão”, diz o documento.
Além disso, a perícia do Bahia também acusa Bruno Henrique de ter proferido insultos xenofóbicos contra Ramírez. “Conseguimos ver que ele (Bruno Henrique) fala para Ramírez ‘arrombado’ e depois ‘gringo de merda’”. Segundo os especialistas contratados pelo Bahia, o colombiano teria respondido em espanhol “¿qué pasó?”, em tom agressivo.
Minutos depois, Ramírez teria provocado Bruno Henrique com uma pergunta, desta vez em português “está quanto?” (naquele momento, o Bahia tinha virado o jogo, e vencia por 3x2, após estar perdendo por 2x0).
Porém, o Flamengo assegura ter um laudo que comprovaria que houve sim a injúria racial contra Gérson. Segundo o diretor jurídico do clube carioca, Rodrigo de Abranches, Ramírez teria dito “fala muito, seu negro” para o atacante Bruno Henrique.