Carol Solberg: "O atleta tem um papel muito maior na sociedade, não é só entretenimento"

Jogadora de vôlei cobra união entre atletas em prol da liberdade de expressão no esporte. "Muitas pessoas não sabem a dimensão da própria voz", afirma

Carol Solberg gritando "Fora Bolsonaro" (Foto: reprodução YouTube)
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A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, que foi julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) após pedir "Fora, Bolsonaro" durante entrevista ao vivo na televisão, pede uma maior união entre atletas como forma de ampliar a liberdade de expressão no esporte.

Na última semana, o Tribunal Pleno do STJD derrubou a advertência aplicada à jogadora em primeira instância. O placar terminou em 5×4 em favor da derrubada da punição aplicada pela 1ª Comissão Disciplinar.

Carol celebrou a absolvição e disse que espera que seu caso sirva de inspiração para as novas gerações. "Se atletas se unirem, pode dar certo", destaca. A declaração foi dada em entrevista a Kellen Rodrigues, na Marie Claire.

"Serve de inspiração para essa nova geração, de olhar e saber que é importante a gente se posicionar quando a gente acredita numa causa, usar nossa voz para o que acha importante", afirma.

A jogadora diz ainda que a "neutralidade" é imposta no esporte e que muitos atletas deixam de se posicionar por medo de sofrer punições e perder patrocínios. Carol, no entanto, é otimista em relação a possíveis mudanças.

"Muitas pessoas não sabem a dimensão da própria voz. Tem gente que gosta da posição de neutralidade, o que eu respeito também. Só acho muito ruim quando essa neutralidade é imposta, o que acontece no esporte. As regras influenciam muito nisso porque os atletas estão sempre com medo, não criam o hábito de questionar e se colocar em causas importantes. Sempre tem risco de sofrer punição, perder patrocínio, passar por tudo que passei. É confuso para o atleta. O fato de eu ter sido absolvida encoraja e mostra que a gente pode se colocar também", comenta.

"Desejo muito que as futuras gerações se inspirem nesse episódio, que acreditem na força da sua voz. O atleta tem um papel muito maior na sociedade, não é só entretenimento. Você não pode ser exemplo para nada se não puder falar o que você pensa. É importante a gente se colocar, sim", completa.

Por conta do "Fora, Bolsonaro", Carol Solberg havia sido foi condenada por três votos a dois a uma punição de advertência por teoricamente descumprir trecho do regulamento que proíbe dar opinião que prejudique a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e seus parceiros comerciais. A entidade conta com o Banco do Brasil como um de seus patrocinadores.