Pior que ser um negacionista da pandemia do coronavírus é ser um negacionista retardatário. É o caso de Roberto Mancini, técnico da Seleção da Itália de futebol masculino, que decidiu só agora, depois de 11 meses, se mostrar um questionador dos números da crise de saúde.
Nesta quarta-feira (28), em uma entrevista ao meio Sportlab, o treinador disse que “não aguenta mais” ver os estádios vazios, e que “os clubes precisam faturar, para que o futebol não acabe” na Itália.
Em seguida, ele foi questionado sobre o fato de que o futebol na Itália, apesar da segunda onda da pandemia, vinha tendo estádios com público até a semana passada, ainda que com quantidade bastante restrita – até a última rodada, os clubes podiam receber até mil espectadores por jogo, mas essa possibilidade já não vai valer a partir de agora, devido às novas medidas adotadas pelo governo italiano.
A resposta do técnico da Squadra Azzura que “poderíamos levar mais pessoas aos estádios, porque se pudesse ficar mil em um setor, outros mil em outro, seria possível abrir mais setores. Também não entendo como definem que algumas atividades são mais essenciais e outras menos, pois para mim o futebol é essencial, é meu trabalho, e para muita gente, e é uma atividade que movimenta muitas outras, ajuda a encher os bares e a vender jornais”.
Na semana passada, Mancini já havia causado polêmica por um meme que publicou em seu Instagram, onde mostrava um desenho de um homem num leito de hospital, e a enfermeira lhe pergunta “você sabe como ficou doente?”, e ele responde “vendo as notícias”. A publicação foi interpretada como negacionista dos dados da pandemia, e recebeu muitas críticas, especialmente de familiares de falecidos pela covid. O treinador acabou apagando o meme, no dia seguinte.
Atualmente, a Itália registra 590 mil casos da covid-19, com 38 mil óbitos, segundo informações do observatório da Universidade Johns Hopkins.