Carla Maria de Oliveira e Souza, filha do médico morto José Roberto de Souza, moveu uma ação popular na 13ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, onde solicita a declaração de inelegibilidade de Pablo Marçal (PRTB), responsável por disseminar um laudo falso, no qual a assinatura de seu pai foi falsificada para incriminar Guilherme Boulos (PSOL). A ação recebeu a classificação de “tramitação prioritária”.
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No documento, ela solicita uma medida cautelar para que a inelegibilidade de Pablo Marçal seja reconhecida imediatamente, antes da conclusão do processo para proibir o coach de extrema direita de concorrer nas eleições para a prefeitura de São Paulo neste domingo (6), “por prática de crime de falsidade de documento público em sua campanha”.
De acordo com o trecho da ação, “utilizar deste ato incrédulo e ter medo de ganhar na raça, na competência, apenas querendo atacar, ao ponto que chega o 1º requerido a falsificar laudo médico para buscar seus intentos políticos, uma afronta à República, ao Povo Brasileiro, à Legalidade, à Moralidade Administrativa e com total desvio de finalidade do ato, por isso, plenamente cabível a ação popular no caso em tela”, destaca o documento.
Será processado
As filhas do médico hemotologista José Roberto de Souza, que morreu de Covid em 2022 e foi usado por Pablo Marçal (PRTB) no laudo fajuto para acusar Guilherme Boulos (PSOL) de uso de cocaína, vão processar o ex-coach. Analista de sistemas, acamada por ser portadora de esclerose múltipla, Carla Maria de Oliveira e Souza contou ao jornal O Globo que foi acordada às 3h30 deste sábado (5) por um oficial de Justiça para conferir se a assinatura que constava no laudo falsificado era do pai dela.
“Essa assinatura nunca foi do meu pai. Ele nunca se envolveria nesse tipo de coisa”, disse a analista, que mora em Valinhos, no interior paulista, a jornalista Malu Gaspar. Segundo ela, José Roberto nunca atendeu em São Paulo e sempre atuou em Campinas, sendo que nos últimos anos trabalhou no hospital da Puc.
Ela afirmou que vai processar Marçal e Luiz Teixeira da Silva Junior, dono da Clínica Mais Consultas, que auxiliou na farsa. Segundo ela, o pai nunca atuou na citada clínica do criminoso, que foi preso por corrupção e foi condenado por falsificar um diploma médico.
“Esse documento não faz nem sentido”, disse ela. “No cabeçalho está escrito receituário. Receituário de quê? Ele não está receitando nada. Também não tem carimbo e erros grosseiros de ortografia”, emendou ao jornal O Globo. Ela tem outros quatro irmãos. Uma delas, Aline Garcia de Souza, também se manifestou em vídeo nas redes sociais dizendo que a assinatura que consta no laudo forjado não é a de seu pai.
"Aconteceu uma coisa um tanto quanto absurda no meio dessas campanhas políticas. Não sei o por que e em qual contexto foi usado o nome e o CRM [registro profissional] do meu pai pelo Pablo Marçal. A questão é muito grave, não sei até que ponto e por que usar a identidade de uma pessoa que nem está aqui", disse ela. "As coisas estão começando a ser apuradas. Mas quero esclarecer aqui que o meu pai jamais trabalhou nesta clínica que foi divulgada", emendou.
A perícia já confirmou que a assinatura apresentada por Marçal é falsificada. Veja a série de inconsistências:
- Número do RG de Boulos está incorreto.
- De acordo com a família, o médico não atendia mais pacientes devido a problemas de saúde.
- Mesmo que estivesse em atividade, José Roberto, conforme a família, atendia apenas em Campinas, e não em São Paulo.
- Médico era especialista em hematologia e não realizava atendimentos psiquiátricos.
- José Roberto nunca atuou na área mencionada no laudo.