EFEITO LULA

Os R$ 27 bilhões de investimentos da China no Brasil – e como eles vão impactar sua vida

Investimentos conquistados por Lula com empresas chinesas prometem afetar diretamente o cotidiano dos brasileiros, em áreas que vão da energia que abastece as casas até o delivery de comida e os remédios na farmácia

Lula durante visita à fábrica de carros da GWM, em Pequim, na China.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en ECONOMIA el

Durante sua segunda viagem à China em pouco mais de dois anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta segunda-feira (12), ao lado da ApexBrasil, um pacote de investimentos chineses no Brasil no valor de R$ 27 bilhões. Mais do que cifras, os acordos selados prometem afetar diretamente o cotidiano dos brasileiros, com impactos que vão da energia que abastece as casas até o delivery de comida e os remédios na prateleira da farmácia.

Energia limpa, recarga elétrica e carros no seu bairro

A CGN, estatal chinesa de energia, vai investir mais de R$ 3 bilhões na criação de um HUB de energia renovável no Piauí, com foco em energia solar, eólica, termosolar e sistemas de armazenamento. Isso significa mais estabilidade no fornecimento e empregos locais. Já a montadora GWM aplicará R$ 6 bilhões na produção e exportação de veículos – incluindo modelos elétricos – a partir do Brasil. A DiDi, controladora do app 99, completa a equação com a construção de 10 mil pontos de recarga para carros elétricos, o que pode transformar a infraestrutura de mobilidade urbana no país.

Delivery de comida, concorrência e empregos

A Meituan, plataforma chinesa de entregas, vai desembarcar no Brasil por meio do aplicativo Keeta, com R$ 5 bilhões em investimentos. A proposta é concorrer diretamente com gigantes como iFood e Rappi, prometendo mais competição, qualidade no serviço e menores taxas para entregadores. A empresa estima gerar 100 mil empregos indiretos e abrir uma central de atendimento no Nordeste com até 4 mil postos diretos.

Do laboratório à farmácia: saúde e biotecnologia

A Nortec Química, maior produtora de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) da América Latina, firmou parceria com três farmacêuticas chinesas para construir uma plataforma industrial no Brasil, somando R$ 350 milhões. Além disso, a Fiocruz e a Biomm, com apoio chinês, vão nacionalizar a produção de insulina, beneficiando cerca de 16 milhões de pessoas com diabetes. Já a Eurofarma e a Sinovac criaram o Instituto Brasil-China para pesquisa em doenças infecciosas e degenerativas.

Indústria verde, agricultura sustentável e empregos do futuro

A Envision, referência em tecnologia limpa, vai construir o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, com foco em combustíveis sustentáveis, hidrogênio verde e amônia verde. Serão até R$ 5 bilhões investidos em soluções para um novo modelo industrial, com empregos em setores de alta tecnologia e sustentabilidade. A Longsys, do setor de semicondutores, também aposta no Brasil com R$ 650 milhões para aumentar a produção de chips em São Paulo e no Amazonas.

Outro acordo importante foi firmado entre a Raízen e a SAFPAC, que estabeleceram as bases para fornecimento de bioetanol brasileiro à China, com foco na produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF). A iniciativa fortalece a presença do Brasil na cadeia global de energia limpa para o setor aéreo.

Já a REAG Capital Holding e a CITIC Construction vão cooperar em um projeto nacional de conversão de pastagens degradadas em sistemas agrícolas e florestais sustentáveis. A proposta alia preservação ambiental e produção de alimentos, com potencial para transformar a paisagem e a economia de áreas hoje subutilizadas.

Supermercado, cinema, software e café

Outros acordos firmados incluem parcerias com a rede de supermercados Hotmaxx, que passará a vender produtos brasileiros na China; com a Luckin Coffee, que promoverá o café nacional; e com a Huaxia Film, que divulgará o cinema brasileiro. A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e o parque tecnológico chinês ZGC também formalizaram cooperação em áreas como inteligência artificial, infraestrutura de dados, capacitação de talentos e internacionalização de software brasileiro. Há ainda a entrada da Mixue, maior rede de bebidas da China, no mercado brasileiro com investimento de R$ 3,2 bilhões e expectativa de 25 mil empregos até 2030.

Lula: parceria estratégia

"China e Brasil são parceiros estratégicos e atores fundamentais nos temas globais. Apostamos na redução das barreiras comerciais e queremos mais integração", afirmou Lula durante o Fórum Empresarial Brasil-China. Jorge Viana, da ApexBrasil, destacou que 25% de tudo que o Brasil importa vem da China e que o intercâmbio se aprofunda com a participação direta de mais de 700 empresários no fórum. Segundo ele, os efeitos dos acordos devem se refletir rapidamente na economia, no comércio e na vida da população.

*Com informações da Agência Gov

 

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