Dados de um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) apontam para o maior efeito de redução da desigualdade de renda observado no país nos últimos anos, com um crescimento de 10,7% na renda dos mais pobres e uma média geral de crescimento nacional da renda do trabalho de 7,1%.
O avanço se deveu tanto à aceleração na geração de novos empregos formais, segundo o levantamento, quanto à continuidade de programas de assistência de renda — notadamente o Bolsa Família —, que servem de complemento à renda familiar mesmo em meio à criação de novos empregos.
Do total de vagas criadas no mercado formal brasileiro em 2023, 75,5% foram ocupadas por beneficiários do Bolsa Família, e 98,8% atendiam a pessoas inscritas no Cadastro Único [sistema do governo federal que identifica e caracteriza famílias de baixa renda residentes em todo o território nacional]. Os dados são resultado de um cruzamento entre o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e informações do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
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Nordeste lidera redução da desigualdade no Brasil
A pesquisa destaca a região Nordeste como aquela a liderar o cenário de crescimento da renda do trabalho, com um aumento de 13%, em comparação aos 7,1% avistados na média nacional.
Oito estados nordestinos figuram entre os 10 primeiros em crescimento acelerado da renda, com destaque para quatro: Sergipe, com 32,47% de crescimento; Pernambuco, com 19,78%; Bahia, com 19,42%; e Paraíba, com 18,62%.
Na região Norte, o Tocantins se destaca com um crescimento de 17,71%.
De acordo com Marcelo Neri, pesquisador da FGV que coordenou o levantamento, os dados apontam para a marca de um "crescimento forte no Nordeste, que voltou a acontecer na renda do trabalho" como fator estrutural.
A região, além de ter crescido mais, "distribuiu melhor esses ganhos, especialmente na base da pirâmide social", diz Neri.
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Além disso, o grupo com o maior ganho de renda observado em 2024 foi o das pessoas sem instrução formal, segundo o levantamento. "Os grupos que cresceram mais são [aqueles] tradicionalmente excluídos [da renda]", conclui o pesquisador.