SELIC

Por que a taxa de juros deve chegar ao seu maior nível em quase 20 anos

Copom se reúne para anunciar nova taxa básica de juros; expectativa é que índice seja elevado para 14,25% – alta de 1 ponto percentual

Os membros do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central.Créditos: Raphael Ribeiro/Banco Central
Escrito en ECONOMIA el

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira (18) a segunda reunião do ano para definir a taxa básica de juros (Selic). Atualmente em 13,25% ao ano, a expectativa do mercado é de que a taxa seja elevada para 14,25%, o maior patamar desde 2006. O anúncio oficial será feito na quarta-feira (19), mas o aumento já havia sido sinalizado pelo próprio comitê na última reunião de dezembro.

A trajetória ascendente da Selic reflete o cenário inflacionário do país, que segue pressionado. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,06%, acima da meta estabelecida para 2025. O governo federal fixou a meta de inflação em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, o que significa que o índice deveria permanecer abaixo de 4,5%. No entanto, as projeções de bancos indicam que o ano pode terminar com inflação de 5,66%.

O principal fator por trás da elevação da inflação tem sido o aumento dos preços dos alimentos, impulsionado pela estiagem no ano passado e pelo encarecimento das carnes devido ao ciclo do boi. Além disso, reajustes em serviços públicos como energia elétrica, água e transporte coletivo contribuíram para pressionar os preços.

Para conter o avanço dos alimentos, o governo anunciou a isenção de impostos de importação sobre itens da cesta básica, como carne bovina desossada, café, milho, biscoitos, massas, azeite, óleo de girassol, açúcar e sardinha. O impacto dessas medidas sobre os preços, porém, ainda não foi significativo. Em 2024, as carnes registraram alta de cerca de 28%, enquanto o café acumulou aumento superior a 39% ao longo do ano passado, com uma alta adicional de mais de 10% apenas em fevereiro deste ano.

Ata do Copom já previa elevação da Selic

A decisão de elevar a Selic já estava praticamente definida desde a última reunião do Copom, realizada no início de fevereiro. Na ata divulgada após o encontro, o comitê destacou que o cenário inflacionário segue adverso e que a inflação acumulada permaneceria acima da meta pelos próximos seis meses.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, afirmou o Copom na ata de fevereiro.

A ata também ressaltou que o aumento do dólar tem pressionado os preços de bens industrializados e que o mercado de trabalho segue aquecido, impulsionando o consumo e a demanda agregada. Com isso, a necessidade de uma política monetária contracionista se tornou mais evidente.

“A inflação de serviços segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta. Ao longo dos últimos trimestres, a atividade econômica manteve o dinamismo, em particular no ritmo de crescimento do consumo das famílias”, pontuou o Copom.

Impactos

A elevação da Selic afeta diretamente o custo do crédito, tornando empréstimos e financiamentos mais caros. A intenção do Banco Central é reduzir a circulação de dinheiro na economia e, com isso, frear a alta dos preços. No entanto, a medida também tende a desacelerar o crescimento econômico, dificultando investimentos e a geração de empregos.

Desde que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido a necessidade de uma redução dos juros para estimular a economia. No entanto, os diretores indicados pelo próprio governo ao Banco Central, incluindo o presidente Gabriel Galípolo, têm mantido uma postura cautelosa diante da inflação persistente.

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