A inflação de 2024, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também monitora o aumento dos preços através do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 4,83%, com destaque para o grupo de alimentos e bebidas, que registrou um aumento de 7,69%.
Esse valor é significativamente superior ao observado em 2023, quando o grupo teve uma alta de apenas 1,03%. Os números refletem a alta nos preços dos alimentos, sentida pelos brasileiros em mercados e feiras. Itens como abacate, laranja, café, óleo de soja, carne bovina e azeite estão entre os que mais encareceram.
No entanto, essa não é a maior alta dos preços já registrada, por exemplo, em comparação com o governo anterior. Em 2020, durante a pandemia, os alimentos registraram uma alta de 14,09%. Já em 2022, o aumento foi de 11,64%. Inclusive, a indiferença social do governo Bolsonaro resultou no retorno do Brasil ao Mapa da Fome, colocando 33 milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar, sem a certeza de que teriam comida no dia seguinte.
Juntando os quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro, os alimentos tiveram um aumento total de mais de 40%. Sob Lula, nos dois primeiros anos de governo, a alta foi de apenas 8,72%. Durante os dois anos de governo Lula, o cenário mudou drasticamente: 24 milhões de pessoas foram retiradas da fome, e a pobreza caiu ao nível mais baixo registrado no Brasil desde 2012. Em apenas um ano, 8,7 milhões saíram da pobreza e outros 3,1 milhões deixaram a extrema pobreza.
O aumento no preço dos alimentos no governo Lula é influenciado por fatores externos, como a inflação, as condições climáticas extremas, o crescimento da demanda e a desvalorização do real explicam a alta registrada no último ano. Com o El Niño impulsionando o aumento das temperaturas globais e agravando as condições climáticas, o Brasil enfrentou enchentes no Rio Grande do Sul, secas intensas e incêndios florestais nos períodos de outono e inverno.
Esses fenômenos prejudicaram as lavouras, resultando em safras menores e alta nos preços dos alimentos. A ligação entre os fatores é evidente. A estiagem severa reduziu os níveis dos reservatórios, levando à implementação de uma bandeira tarifária mais alta e contribuindo para a elevação dos preços da energia elétrica, além da desvalorização cambial e do próprio noticiário da mídia tradicional que impulsiona uma negativa constante sobre a situação econômica do governo.
As desinformações propagadas pela oposição insistem em relacionar a alta dos preços unicamente à Lula, cujos parlamentares de Centro e direita chegaram a usar bonés com a mensagem "comida barata" na Câmara dos Deputados e até mesmo a promover uma pré-campanha para Bolsonaro nas eleições de 2026, apesar de sua inelegibilidade.
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Presidente com menor inflação nos últimos dez anos
No ano passado, Lula completou dez anos na Presidência do Brasil, somando seus dois mandatos de 2003 a 2010 e os dois anos de sua atual gestão. Durante esse período, o presidente obteve a menor inflação média de alimentos entre todos os líderes desde 1995, quando começou o Plano Real.
Nos dez anos de governo de Lula, a inflação média foi de 5,87%. Com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi de 6,71%; com Dilma Rousseff (PT), 9,11%; e com Michel Temer (MDB), 6,25%. A inflação geral também foi mais baixa durante o governo atual do que na gestão de Bolsonaro. Nos dois primeiros anos do governo anterior, o IPCA médio foi de 4,72%. Já nos dez anos de Lula, a média foi de 5,57%, comparada aos 6,17% do governo Bolsonaro.
Paulo Teixeira falou à Fórum sobre alta dos preços
Em entrevista ao Fórum Onze e Meia no dia 21 de janeiro, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, reforçou por que o preço dos alimentos subiu nos últimos anos e o que o governo federal está planejando para baixar os valores em 2025, meta definida como prioridade pelo presidente Lula (PT) na reunião ministerial.
Para o ministro, o primeiro motivo é o preço do dólar. "Temos uma agricultura exportadora e todos os produtos que são exportáveis eles passam a ser apreciados no mercado interno de acordo com o valor do dólar. Então, esse é o problema", afirmou Teixeira. "Onde houve um pequeno crescimento da inflação de alimentos em 2024 foi quando o dólar cresceu", completou o ministro.
A segunda razão é a climática, conforme Teixeira. "No ano passado, em janeiro, fevereiro e março, houve um aumento [do preço] dos produtos devido à crise climática. O próprio café viveu quatro crises de secas e geadas, o que acabou diminuindo o volume de produção", explica o ministro, reforçando que o tema climático interfere diretamente no preço dos alimentos.
Já o terceiro motivo se refere ao ciclo pecuário, que provoca aumento ou diminuição do preço da carne de acordo com o abate de animais. Nesse ciclo, a menor ou maior oferta é determinada pelo preço do bezerro e pela reposição. Quando o preço da reposição é atraente, há maior retenção de animais, o que reduz a oferta para abate e o preço sobe. O quarto e último aspecto explicado pelo ministro é a economia aquecida, que aumenta o consumo devido ao aumento da renda da população que é direcionado à compra de alimentos.
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