O governo Lula esboçou uma primeira reação à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e 10% sobre as de alumínio, sem exceções ou isenções. A medida, que entra em vigor em 12 de março, afeta diretamente o Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA em 2024, com 4,5 milhões de toneladas, segundo dados do American Iron and Steel Institute.
Em conversa com jornalistas em Brasília na tarde desta terça-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou as medidas anunciadas por Trump e as classificou como "contraproducentes".
“A avaliação é de que medidas unilaterais desse tipo são contraproducentes para a melhoria da economia global. A economia global perde com isso, com essa retração, com essa desglobalização que está acontecendo, e isso não significa defender a velha globalização que trouxe outros desequilíbrios, mas defender um tipo de globalização sustentável do ponto de vista social, do ponto de vista ambiental”, declarou o ministro.
"Nós estamos acompanhando, primeiro para saber as minúcias da decisão, entendendo quais implicações isso vai ter. Porque não é uma decisão contra o Brasil, é uma coisa genérica para todo mundo, estamos observando as reações do México, China e Canadá", disse ainda.
Segundo Haddad, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e o Ministério das Relações Exteriores, comandado por Mauro Vieira, estão organizando informações sobre a taxação imposta por Trump para levar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, então, discutir quais medidas o Brasil deve adotar diante da situação
"O Itamaraty está envolvido também (...) não posso responder pelo Itamaraty, mas cada ministério está fazendo sua parte e o MDIC está centralizando isso para levar ao presidente e à Casa Civil uma opinião a respeito", disse.
"Eu não sei qual a disposição do governo Trump em negociar neste momento, até porque em 2018 aconteceu de uma sobretaxa ser imposta e houve um recuo pouco tempo depois. Por isso o MDIC (Ministério da Indústria) está fazendo essa avaliação para levar ao presidente o quadro geral", completou o ministro.
Quem também comentou o assunto nesta terça-feira foi o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Em entrevista após um evento com novos prefeitos em Brasília, Padilha disse que o Brasil "não vai fazer guerra comercial com ninguém".
"O governo não fez nenhuma discussão em relação a isso. O que o presidente Lula tem dito sempre, com muita clareza, outros países também: guerra comercial não faz bem para ninguém. Um dos avanços importantes do mundo nos últimos anos foi exatamente a gente constituir um instrumento de diálogo entre os países, o reforço do livre comércio, o papel da OMC [Organização Mundial do Comércio] em relação a isso", afirmou.
"Então o Brasil não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial. Sempre seremos favoráveis a que se fortaleça cada vez mais o livre comércio", emendou.
Tarifas de Trump: entenda a medida dos EUA contra o aço brasileiro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (10) a ordem executiva que impõe uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e 10% sobre as de alumínio, sem exceções ou isenções.
A medida, que entra em vigor em 12 de março, afeta diretamente o Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA em 2024, com 4,5 milhões de toneladas, segundo dados do American Iron and Steel Institute. O Canadá (6,56 milhões) será o maior impactado.
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que possíveis medidas de negociação ou retaliação só seriam tomadas a partir das decisões concretas dos EUA.
Aa medida representa um risco direto às exportações de aço. Empresas nacionais já avaliam estratégias para mitigar impactos, como diversificação de mercados.
O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) estuda os possíveis impactos das tarifas e de eventuais respostas. Enquanto isso, o governo Lula espera poder negociar diretamente com os EUA. A Índia de Narendra Modi também procura uma via de negociação.
Em discurso, Trump defendeu a medida como parte de um plano para "tornar a América rica novamente", afirmando que "a nação precisa que o aço e o alumínio sejam feitos nos EUA, não em terras estrangeiras".
Questionado sobre possíveis aumentos de preços para consumidores, respondeu: "No final, será mais barato". O presidente também sugeriu que outras tarifas poderiam ser aplicadas no futuro, incluindo setores como fármacos e chips de computador.