ECONOMIA

95% das previsões do mercado sobre a economia brasileira estavam erradas, revela pesquisa

Em 2024, Brasil registrou 4º maior crescimento do PIB entre o G20, enquanto projeções negativas eram feitas pela Faria Lima

O ministro da Fazenda Fernando Haddad e o presidente Lula.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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Um levantamento apontou que o mercado financeiro errou 95% das previsões econômicas feitas nos últimos anos no Brasil. Indicadores como Ibovespa, Selic, PIB, dólar e inflação foram, em sua maioria, superestimados em relação à realidade. Houve discrepâncias entre os valores projetados e os resultados reais. 

Em 2023, o PIB, estimado em uma alta de 0,78%, surpreendeu ao crescer 2,9%. No caso da inflação, esperava-se 5,36%, mas o IPCA fechou em 4,62%. Para muitos economistas, erros de projeção são comuns, mas nesses casos, estão sendo propositais. “O mercado financeiro conta com uma bazuca para atacar o real, mas o governo Lula só tem uma faca para se defender”, declarou o economista e professor José Luis Oreiro em entrevista à TV Fórum, em dezembro do ano passado.

Para ele, não havia qualquer base na economia real que justificasse aquela recente disparada do dólar e que mudanças institucionais deveriam ser feitas contra os faria-limers. O Brasil vive inédito crescimento econômico para tempos recentes, baixo desemprego e inflação controlada, embora acima da meta irreal fixada pelo próprio Conselho Monetário Nacional. 

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O levantamento do site UOL que confirma esses dados utilizou o Boletim Focus do Banco Central e a pesquisa “LatAm Fund Manager Survey”, do Bank of America, para compilar as previsões feitas entre 2021 e 2024. O Boletim, que soa quase inacreditável, é a principal referência do Banco Central para definir a política econômica no Brasil. Isso implica que a instituição, na hora de tomar decisões, se apoia em dados muitas vezes imprecisos, já que as previsões são feitas por 100 economistas conservadores do mercado financeiro.

Veja as projeções e os resultados nos últimos dois anos:

2024

  • Ibovespa: A projeção indicava que o índice superaria os 140 mil pontos, mas ele caiu 10,36%, fechando em 120.283,40 pontos. (Erro)
  • Selic: Esperava-se uma taxa de juros de 9%, mas ela subiu para 12,25% ao ano. (Erro)
  • PIB: O crescimento estimado era de 1,59%, mas a alta até setembro foi de 3,1%. (Possível erro)
  • Dólar: A previsão era de que o dólar ficaria em R$ 5,00, mas ele terminou o ano em R$ 6,18, uma alta de 27,3%. (Erro)
  • Inflação/IPCA: A expectativa era de uma inflação de 3,90%, mas o índice alcançou 4,83%. (Erro)

2023

  • Ibovespa: A previsão era de que o índice ficasse entre 110 mil e 120 mil pontos, mas ele fechou em 134.185 pontos, com um aumento de 22,28%. (Erro)
  • Selic: A taxa esperada era de 11,75%, mas ela terminou o ano em 12,25%. (Erro)
  • PIB: A previsão era de um crescimento de 0,78%, mas o PIB cresceu 2,9%. (Erro)
  • Dólar: Esperava-se que o dólar ficasse em R$5,28, mas ele terminou em R$4,85, uma queda de 8,06%. (Erro)
  • Inflação/IPCA: A expectativa era de 5,36%, mas a inflação foi de 4,62%. (Erro)

De maneira geral, a taxa de acerto foi de apenas 5%, ou seja, a cada 20 previsões feitas, apenas uma se concretizou. A única previsão que se mostrou precisa foi a relativa ao desempenho do Ibovespa em 2022, que registrou uma alta de 4,69%.

'Não acertaram nenhum'

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), fez críticas às previsões equivocadas do mercado em suas redes sociais. A parlamentar afirmou que o mercado não tem legitimidade para se colocar como crítico econômico. Em um post no X, ela observou que os mesmos economistas que erraram nas previsões estão agora reclamando das políticas fiscal e monetária do governo Lula.

PIB cresceu em 2024

As expectativas do mercado financeiro para o desempenho econômico do Brasil em 2024 sofreram ajustes significativos ao longo do ano passado, revelando uma subestimação das políticas do governo Lula por parte dos entrevistados pelo relatório Focus, considerado "a voz da Faria Lima".

Comparando os resultados do último relatório de 2023 com o último de 2024, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) para a dívida líquida do setor público e para o resultado primário divergiram amplamente dos números efetivamente alcançados pelo governo Lula. Segundo a Fazenda, o bom desempenho industrial e a forte expansão do consumo das famílias foram decisivos para o avanço.

As estimativas de crescimento do PIB começaram conservadoras, com projeções de 1,59% no início de 2024, mas aumentaram gradualmente, refletindo uma recuperação econômica robusta e acima do esperado. Em dezembro de 2023, a média das previsões indicava uma expansão de 3,49% para 2024, um indicativo do impacto positivo de medidas como o aumento do investimento público e a revalorização da indústria nacional.

A dívida líquida do setor público, outro indicador chave, também foi subestimada. Inicialmente projetada em 64,25% do PIB, encerrou 2024 com uma relação significativamente mais baixa (62,80%), resultado do fortalecimento da arrecadação e de ajustes fiscais promovidos pelo governo. O resultado primário, que no fim de 2023 estava projetado em déficit de 0,8% do PIB, surpreendeu ao apresentar uma trajetória de melhora, chegando a 0,5% - dentro da meta do arcabouço fiscal - ao fim de 2024.

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