Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (9), o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a postura dos indicados do governo ao Banco Central deve mudar a partir da saída de Roberto Campos Neto do órgão.
Os enviados por Lula ao Comitê de Política Monetária (Copom) têm votado de maneira alinhada ao atual presidente do órgão, indicado por Bolsonaro, na definição da taxa de juros. Esta postura tem sido criticada por alas à esquerda da política brasileira.
Segundo Lindbergh, que denuncia intensamente o atual presidente do Banco Central, haverá uma mudança de postura dos indicados do governo quando Campos Neto sair do posto.
"Não tô aqui defendendo os votos dos quatro indicados pelo presidente Lula não, mas veja bem, tem uma situação política aqui delicada. Teve uma votação do Copom que os quatro votaram contra e foram derrotados. Criaram uma crise no mercado do tamanho do mundo", disse.
"Então, tem uma situação agora política delicada pros quatro, que podem dizer: é pra marcar posição só em votar contra ou vamos aqui tentar diminuir ruídos?", continuou.
"Eu creio que quando a gente conquistar a maioria, quando Roberto Campos Neto sair, a situação do Banco Central e a política monetária pode ser modificada com a nova maioria", completou o deputado.
A saída de Campos Neto
Campos Neto encerra seu mandato em 31 de dezembro deste ano. Contudo, por conta de uma investigação por parte do Conselho de Ética da Presidência da República, ele pode sair do cargo antes do prazo.
A investigação contra Campos Neto teve início em 2019, após as revelações do caso Pandora Papers, que expôs informações sobre dinheiro guardado em paraísos fiscais por agentes do mercado financeiro no exterior.
O presidente do Banco Central teria aberto uma offshore em 2004 nas Ilhas Virgens com US$ 1 milhão aplicado, supostamente visando vantagens tributárias.
Em 2022, Campos Neto conseguiu uma liminar na Justiça para impedir que a Comissão de Ética da Presidência da República avançasse na investigação dos dois casos, alegando que o procedimento aberto por um órgão ligado ao Poder Executivo violaria a autonomia do BC.
Agora, a liminar caiu, e a Comissão de Ética da Presidência da República tem agora autorização para retomar a investigação contra o presidente do BC por conflito de interesses.
Campos Neto é alvo de outra denúncia, em que o própri Lindbergh acusa o presidente do BC de possuir empresas e aplicações que seriam remuneradas de acordo com a Selic. Ou seja, quanto mais alta a taxa de juros, maiores seriam os lucros dessas empresas e aplicações.
Confira a netrevista completa de Lindbergh Farias no Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (9):