FASCISMO NEOLIBERAL

Campos Neto ameaça Lula com Selic: "Copom não hesitará em elevar a taxa de juros", diz ata

Baseado no boletim Focus, pesquisa feita com a nata do sistema financeiro, ata do Copom justifica manutenção da taxa em 10,5% mesmo se dizendo "surpreendido" com dados do emprego e do consumo das famílias

Paulo Guedes, Jair Bolsonaro e Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central.Créditos: Marcos Corrêa/PR
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A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, voltou a fazer ameaças a Lula e ao governo com a Selic, taxa básica de juros da economia e principal entrave para o crescimento do país.

No documento, divulgado nesta terça-feira (6), o Copom justifica a manutenção da Selic em 10,5% e ameaça elevar os juros, mesmo ressaltando que "o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado".

"O Comitê, unanimemente, avalia que o momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras. À luz desse acompanhamento, o Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado", diz a ata.

O texto confronta a posição de Lula, que tem pedido insistentemente a queda na taxa básica de juros para fomentar a atividade industrial e empresarial do país, deslocando recursos do mercado financeiro especulativo para fomentar a economia produtiva.

Mesmo se baseando no chamado boletim Focus, pesquisa semanal realizada com a nata da sistema financeiro que tem subestimado os dados econômicos, o Copom fala da "surpresa" com a queda no desemprego e o aumento no consumo das famílias.

"No cenário doméstico, o mercado de trabalho e a atividade econômica, em particular o consumo das famílias, têm surpreendido e divergido do cenário de desaceleração previsto", diz o texto.

No entanto, mais uma vez, o Copom se baseia nas expectativas do mercado - que não têm se realizado - para dizer que "houve nova elevação das projeções de inflação para o horizonte relevante de política monetária, não obstante nova elevação na trajetória da taxa Selic extraída da pesquisa Focus".

"O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela", conclui o Copom, incluindo as turbulências no exterior na conta.

"Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes", prenunciou, no item 2 do documento. 

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