Pesquisa Quaest feita com 101 agentes financeiros de São Paulo e Rio de Janeiro, divulgada nesta quarta-feira (20), revela que o chamado "mercado" vê o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como fiador da política econômica do governo Lula.
Enquanto a avaliação do governo voltou a cair, Haddad viu sua aprovação crescer novamente, após queda no final do ano passado.
Te podría interesar
Vale lembrar que, em março de 2023, na primeira pesquisa da série, nenhum dos 101 agentes financeiros avaliavam como positivo o governo Lula - 90% deles avaliavam como negativo e 10% como regular.
Com a melhora no cenário econômico nos primeiros meses, Lula chegou ao pico de 20% de positivo em julho de 2023, mas vem caindo desde então, chegando aos atuais 6% registrados no estudo atual.
Te podría interesar
A curva é inversamente proporcional ao "negativismo" do mercado, que teve o pico no início do governo e desabou para 44% em julho de 2023, antes de voltar a subir até atingir os atuais 64%. Aqueles que acham o governo regular são 30%.
Já Haddad partiu de uma avaliação positiva de parcos 10% no início do governo, atingiu o pico de 65% em julho de 2023, caiu a 43% em novembro, mas voltou a dividir a opinião do mercado, com atuais 50% de aprovação.
O negativismo em relação ao ministro da Fazenda, que era de 38% no início do mandato está em 12% - um ponto a mais do nível mais baixo, em julho de 2023.
Haddad ainda é visto como "mais forte que no começo do mandato" por 51% dos financistas - apenas 14% vêem o ministro como mais fraco e 35% como "igual".
Avalista
Principal interlocutor do governo junto aos bancos, Haddad é vista como um avalista nos principais temas que preocupam o mercado, que tem o viés neoliberal propagado pelos grandes grupos de mídia.
Segundo a pesquisa, 50% dos entrevistados dizem que o maior risco da economia sob Lula é o "intervencionismo na economia". Em seguida, vem o estouro da meta fiscal, citado por 23% e a "perda de popularidade do presidente, escolha de 19%.
Marteladas pela mídia liberal, a posição do governo em relação à distribuição dos dividendos da Petrobras e a sondagem sobre Guido Mantega na direção da Vale encontraram eco no mercado sobre a "intervenção" do governo Lula na economia.
Para 89% dos analistas, caso "o governo interfira na Vale" os investimentos estrangeiros devem cair no Brasil - 11% acham o contrário.
Em relação à Petrobras, 97% dos analistas financeiros acham que a empresa errou ao "não pagar dividendos extraordinários aos investidores". No entanto, 52% acham que o governo vai fazer a distribuição desse lucro extra até o fim do ano.
O estudo mostra ainda que 85% dos entrevistados dizem que a decisão da petroleira terá impacto negativo na bolsa - outros 15% que não terá impacto e nenhum deles diz que será "positivo".
Outro revés sofrido pelo governo Lula junto à Faria Lima é em relação à cenário externo. Em julho de 2023, 51% diziam que a posse de Lula melhorou a imagem do Brasil no exterior. Na pesquisa atual, esse índice caiu pela metade, chegando 25% - 45% acham que piorou.
Análise política
Em relação à política, 53% dos entrevistados acreditam que Lula segue favorito para vencer a disputa à reeleição em 2026.
O patamar é o mesmo dos que acham que Jair Bolsonaro (PL) será preso. Em relação à prisão do ex-presidente, 84% acreditam que isso deve beneficiar a oposição ao governo - apenas 16% acham o contrário.
A pesquisa ainda mostrou um cenário pouco desfavorável em relação à confiança nos líderes políticos.
Apenas 1% diz confiar muito em Lula, ante 96% que afiram confiar pouco ou nada e 3% "mais ou menos".
Em relação à Bolsonaro, a desconfiança é de 72%, com 25% dizendo que confiam "mais ou menos" e 3% que afirmam ter "muita confiança" no ex-presidente.
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto tem a confiança de 81% da Faria Lima. Ele é seguido do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos): 62% do mercado diz "confiar muito" no ex-ministro de Bolsonaro.
A pesquisa foi realizada por coleta de dados online entre os dias 14 e 19 de março com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro.
Leia a íntegra.