O Banco Central (BC), comandado pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, anunciou intervenção no mercado de câmbio para frear a alta do dólar. Nesta quinta-feira (12), serão realizados dois leilões de linha, com uma oferta total de US$ 4 bilhões. Essa é a primeira ação do tipo desde que o dólar ultrapassou a marca de R$ 6 e ocorre pouco antes do fim do mandato de Campos Neto, que deixa BC em janeiro.
Os leilões de linha consistem na venda de dólares no mercado à vista, com compromisso de recompra em datas futuras. Nesse caso, a liquidação inicial está prevista para a próxima segunda-feira (16), enquanto as recompras estão programadas para fevereiro e abril de 2025.
Sob o governo Lula, o Banco Central realizou apenas três intervenções anteriores no mercado cambial. A primeira ocorreu em abril, com a venda de US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial. Em agosto, o BC realizou duas intervenções: uma envolvendo a venda direta de US$ 1,5 bilhão no mercado à vista e outra com contratos de swap equivalentes a US$ 765 milhões. A terceira intervenção aconteceu em setembro, quando foram vendidos contratos de swap cambial no valor de US$ 735 milhões.
Embora intervenções tenham sido mais raras no governo atual, o contraste com a gestão Bolsonaro é escandaloso. Sob Campos Neto, o BC realizou 113 intervenções desse tipo no governo anterior.
Como o leilão de linha ajuda a segurar o dólar
O leilão de linha é uma ferramenta utilizada pelo Banco Central para estabilizar o mercado de câmbio em momentos de forte volatilidade. Ao vender dólares das reservas internacionais, o BC aumenta a oferta da moeda no mercado, reduzindo sua cotação em relação ao real.
BC eleva Selic para 12,25%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira (11) uma elevação da Selic em 1 ponto percentual. Agora, a taxa básica de juros saiu do patamar de 11,25% para 12,25% ao ano.
A decisão foi unânime. O último Boletim Focus apontava que os economistas consultados pelo BC esperavam uma elevação de 0,75 ponto na última reunião presidida pelo atual presidente Roberto Campos Neto.
De acordo com comunicado do Comitê, "o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed".
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato. A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes", diz ainda o Copom.
O Banco Central aponta ainda possíveis aumentos em decisões futuras do colegiado. "Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões", diz o Comitê.
Com a nova Selic, o Brasil passou a ter o segundo maior juro real do mundo, segundo levantamento compilado pelo MoneYou. O índice de juro real é formado pela taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses. Segundo o ranking, os juros reais do país ficaram em 9,48%, atrás somente da líder, Turquia, com taxa real de 13,33%.
Logo após o anúncio, as redes sociais registraram as primeiras reações à notícia da elevação da Selic.
"Aumento de 1 p.p. na taxa básica de juros é esculacho. Não tem outro nome: isso é SABOTAGEM. Bons indicativos em diversas áreas e uma SELIC que já está alta o suficiente. Vender dólar para regular o câmbio que é bom, nada. SABOTAGEM! Só puxam o Brasil pra trás", disse o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) em seu perfil no X, ex-Twitter.