O Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne pela última vez no ano, nesta quarta-feira (11), para definir a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 11,25%.
Esta será a última reunião do Copom comandada pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, que em janeiro deixa a presidência do BC. O posto será assumido por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Projeções do mercado apontam que Campos Neto deve se despedir da presidência do BC com novo aumento acentuado da Selic. A taxa deve subir entre 0,75 e 1 ponto percentual, chegando a astronômicos 12% ou mesmo 12,25% ao ano.
A recente disparada do dólar, que chegou a ser cotado em R$ 6,08 esta semana, está entre os fatores que devem levar o Copom a impor um novo aumento da Selic. O movimento da moeda norte-americana é interpretado como uma consequência da especulação do mercado financeiro frente ao pacote de corte de gastos recentemente anunciado pela equipe econômica do governo Lula.
Apesar dos indicadores econômicos positivos do governo, como inflação controlada e melhora nos índices de emprego e renda, investidores pressionavam por um pacote de ajuste fiscal mais severo, com cortes amplos em benefícios sociais. O governo, no entanto, optou por uma abordagem equilibrada, priorizando a proteção das camadas mais vulneráveis. Entre as medidas, destacou-se a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem comprometer os compromissos fiscais.
O mercado financeiro reagiu negativamente, alegando que as medidas não atendem às suas demandas por austeridade extrema. Essa reação, amplificada pela especulação e pelo foco em cortes que poderiam prejudicar a população mais pobre, gerou instabilidade no câmbio, com o dólar disparando e gerando temores de alta da inflação.
A expectativa é que a nova taxa básica de juros seja anunciada pelo Copom a partir das 18h desta quarta-feira.
"Terrorismo"
Crítica contumaz da atual política de juros do Banco Central, a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), chamou a Selic atual de "indecente" e criticou o "terrorismo" que vem sendo feito pelo mercado para que os juros aumentem ainda mais.
"Na véspera do último Copom presidido por Campos Neto, aumenta o terrorismo para elevar ainda mais a indecente taxa de juros. O PIB cresce acima das previsões, emprego e renda também, arrecadação em alta, inflação dentro dos limites de uma meta exageradamente rigorosa, boas reservas, mas na mídia só se fala em 'risco fiscal'", escreveu Gleisi nesta terça-feira (10) em suas redes sociais.
"Todos sabem que juros maiores, neste momento, só vão pressionar a dívida pública e comprometer a atividade econômica, mas os especuladores e seus porta-vozes não estão nem aí para o país. Desenham o cenário que favorece o pior, para encerrar o ciclo do terrorismo de Campos Neto, a serviço do mercado", prosseguiu a parlamentar.