EMPRÉSTIMOS CAROS

Lula quer reduzir o spread bancário; entenda o que é e como afeta sua vida

A avaliação do presidente é de que os juros no Brasil são muito elevados na ponta e o governo precisa dar mais estímulo ao crédito

Créditos: Fill/Pixabay
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer rapidez do grupo de trabalho formado para tratar da redução do spread bancário no Brasil. A primeira reunião do GT acontece nesta terça-feira (5), na sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.

Segundo o Valor Econômico, o cronograma fechado pelos auxiliares do presidente prevê que as propostas sejam apresentadas em 10 de março, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o chamado Conselhão.

São nove pessoas que compõem o grupo, indicadas pelo governo, instituições financeiras, setor industrial e centrais sindicais, e a coordenação política é do secretário-executivo do CDESS, Paulo Pereira, e a técnica, do secretário de reformas econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto.

"Já evoluímos bastante no ataque às causas do spread, mas ainda tem muito trabalho a fazer. Os principais temas continuam sendo a inadimplência, que continua alta. A parte tributária também é importante, porque temos bastante imposto sobre intermediação financeira", disse Barbosa Pinto ao jornal.

O que é o spread bancário

O spread bancário é a diferença entre a taxa que os bancos cobram dos tomadores de crédito e o quanto pagam para os depositantes.

Segundo o Banco Central (BC), a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final cobrada do cliente avançou para 28,6 pontos percentuais em agosto.

A avaliação do presidente Lula é de que os juros no Brasil são muito elevados na ponta e é necessário haver mecanismos por parte do governo para dar estímulo ao crédito.

Em nota técnica de 2019, o Dieese apontava como causas estruturais do spread elevado a gestão da política monetária no país, que define um patamar já extremamente elevado para os juros básicos da economia, a baixa relação crédito/PIB no país e a concentração de mercado do setor bancário.

Embora as instituições financeiras apontem a inadimplência como fator que encarece o crédito, o Banco Mundial, em 2017, apontava que, em uma relação de 124 países, o Brasil era apenas o 66º no que diz respeito ao patamar da inadimplência, mas tinha o segundo maior spread bancário do mundo, atrás de Madagascar.

"Diante do que foi elencado, não é difícil inferir que, enquanto a remuneração dos títulos da dívida pública for superior ao risco de investir no setor produtivo, ou mesmo de conceder crédito ao consumo, os bancos não terão interesse em ampliar a relação crédito/PIB e, muito menos, em reduzir o atual patamar do spread do país, mesmo que as taxas de inadimplência estejam em patamar baixo para padrões internacionais", diz a nota técnica.