Gabriel Galípolo, o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda e homem de confiança do ministro Fernando Haddad, teve seu nome aprovado pelo Senado Federal, nesta terça-feira (4), para ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central. Nome indicado pelo presidente Lula (PT) para o cargo, ele recebeu 39 votos favoráveis e 12 contrários, além de uma abstenção registrada.
Mais cedo, Galípolo já tinha recebido o ‘ok’ da Comissão de Assuntos Econômicos da Casa, sendo aprovado por 23 votos a 2. Diante do resultado, cabe apenas agora que seu nome seja publicado nos decretos que darão posse aos novos integrantes das diretorias do BC.
Na sabatina com os senadores, o antigo n° 2 do Ministério da Fazenda fez coro pela redução da taxa básica de juros, a Selic, da mesma maneira que o PT e o governo Lula vêm fazendo, mas fez questão de deixar claro aos parlamentares que “apenas reduzir a taxa”, a deixando “neutra”, não é o suficiente para que o país cresça.
“O crescimento do Brasil não depende só de uma questão externa. Como bem colocou o diretor-presidente do Banco Central, Roberto Campos, se a gente seguir com premissas de um crescimento potencial de 1,5%, 1,6%, e uma taxa de juros neutra de 4,5%, por mais sofisticados que sejam modelos e os economistas que tratam dos modelos, a relação dívida-PIB não vai apresentar um bom comportamento”, disse Galípolo, no que foi visto como um aceno para o bolsonarista Roberto Campos Neto, constantemente alvo de duras críticas por parte do governo.
O novo diretor de Política Monetária do BC ainda fez questão de frisar que os caminhos adotados na economia de uma nação devem respeitar a vontade dos governantes eleitos democraticamente, algo bem diferente da visão ortodoxa dos defensores de uma autonomia do Banco Central que muito mais se assemelha a uma “independência”.
“É óbvio que é o poder eleito democraticamente, a vontade das urnas, que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade. É através desse debate que a gente vai determinar. A autonomia técnica e operacional é aquilo que foi determinado, e aquilo que os diretores devem perseguir e seguir”, falou o economista.
Outra frase dita por Galípolo na sabatina que causou furor, e que foi lida como uma indireta ao grupo de técnicos ligados a Campos Neto, nomeados por Jair Bolsonaro (PL), também diz respeito a quem deve ser o condutor das políticas econômicas nacionais. “Os economistas não podem definir os rumos do país”, sentenciou.