ESCÂNDALO

Bônus milionário a diretores de fundo de pensão da Petrobras é 'escandaloso e indecente', diz FUP

Mesmo com rombo de 30 milhões, Petros paga superbônus para diretoria bolsonarista; coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, vai para cima

Créditos: Federação Única dos Petroleiros
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Enquanto amarga resultados negativos e um rombo de 30 bilhões de reais por má gestão, a Fundação Petros, o fundo de pensão dos empregados e empregadas da Petrobras, decidiu pagar um bônus milionário para a diretoria bolsonarista.

Cada um dos quatro dirigentes da Petros embolsou R$ 9,3 milhões. Já cerca de 50 mil trabalhadores e trabalhadores da ativa e assistidos pelo plano de previdência, vão ter que pagar, até o fim de suas vidas, uma contribuição adicional de 30%, para ajudar a cobrir o rombo dos cofres da entidade.

A decisão de pagar esse superbônus teve o voto contrário apenas da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e foi aprovada no último dia 24 de março, por 5 votos a 1. Os bônus milionários são relativos a metas alcançadas pela fundação e são a soma de R$ 2,2 milhões de ICP (incentivo de curto prazo) com R$ 7,1 milhões de ILP (incentivo de longo prazo).

O pagamento desta fortuna estava suspenso desde março por meio de liminar impetrada pela FUP. Nesta sexta-feira (23), a Justiça do Rio de Janeiro liberou o prêmio. O coordenador-geral da federação, Deyvid Bacelar, classifica o valor desse bônus como uma "imoralidade". 

Bacelar destaca que o bônus  está sob investigação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) que abriu processo sancionador, alegando que as metas definidas pelo conselho de administração da Petros, para serem atingidas para o pagamento do bônus, estariam desconectadas com o interesse da entidade e dos participantes assistidos.

“Nunca houve pagamento de bônus dessa magnitude. É um ataque à Fundação. Os diretores e ex-diretores recebem o dinheiro e vão embora. Logo no dia seguinte à decisão da Justiça liberando o pagamento, os premiados sacaram tudo. Possivelmente, o receio desses diretores era que a liminar fosse retomada em outra instância e o pagamento dos superbônus voltasse a ficar suspenso”, observa Bacelar.

Gestão bolsonarista

Tão logo embolsou o superbônus, o presidente interino da Petros, Leonardo Moraes, pediu demissão nesta quinta-feira (22). Ele permanecerá no cargo até 16 de julho, enquanto o novo presidente está sendo selecionado.

Moraes era originalmente diretor de risco e finanças, mas acumulou a presidência interinamente com a saída de Bruno Dias, que comandou a fundação por quatro anos e deixou o cargo após a mudança de governo. No início da semana, já havia renunciado o diretor de seguridade da fundação, Akira Miki.

A Petros tem um diretor-executivo, que é o presidente da instituição, um diretor de investimentos, um diretor de riscos de finanças e tecnologia, e um diretor de seguridade. Todos foram indicados na gestão anterior da Petrobras, no governo de Jair Bolsonaro.