VALORIZAÇÃO DO REAL

Ex-Goldman Sachs volta a fazer previsão otimista para economia do Brasil: "Não há precedentes"

Segundo o renomado economista Robin Brooks, chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), o real se tornará a "moeda âncora" do continente, quebrando a hegemonia do dólar

Real será a moeda "âncora" da América Latina, diz Robin Brooks, renomado economista alemão.Créditos: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
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O renomado economista alemão Robin Brooks, chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), voltou a fazer previsões otimistas sobre a economia brasileira

Especialista em câmbio e ex-estrategista-chefe do banco estadunidense Goldman Sachs, Brooks foi às redes sociais, nesta terça-feira (20), para afirmar que "não há precedentes" para o superávit da balança comercial brasileira, expondo um gráfico que mostra o crescimento do saldo positivo do Brasil nas transações comerciais. 

Segundo Brooks, o real brasileiro passará a ser a moeda "âncora" da América Latina, superando a hegemonia do dólar norte-americano

"Não há precedentes para a transformação da balança comercial do Brasil em superavit (linha preta). Também não é o caso de essa mudança ser devida a uma colheita "afortunada". Afinal, está em andamento na última década. O real do Brasil se tornará a moeda âncora para a América Latina...", disse o economista. 

Confira

"Suíça da América Latina"

Em maio, Robin Brooks já havia exposto seu otimismo com relação à valorização do real. Ele publicou um gráfico que mostra a variação do superávit comercial em abril de 2000 a 2023 de Argentina, Brasil, Chile e México, afirmando que o país governado por Lula se tornaria a "Suíça da América Latina"

"O Brasil está a caminho de se tornar a Suíça da América Latina. Está surgindo um enorme superávit comercial, diferente de qualquer outro país da região", escreveu Brooks. 

"Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte, diferente do resto da América Latina. O Brasil será a âncora da região...", prosseguiu o economista. 

Goldman Sachs projeta dólar a R$ 4,40 

Nesta segunda-feira (19), o banco estadunidense Goldman Sachs divulgou uma nova estimativa sobre o câmbio doméstico do Brasil, projetando uma queda ainda maior do dólar com relação ao real. A moeda dos EUA chegou nesta segunda-feira (19) ao valor mais baixo em um ano, sendo cotada a R$ 4,78. 

Segundo o Goldman Sachs, o dólar deve ser cotado, até o final deste ano, a R$ 4,40 - uma queda significativa com relação à última projeção do banco, que previa que a moeda dos EUA chegaria a R$ 4,90, 4,85 e, ao final de 2023, a R$ 4,80. Agora, a projeção para o dólar com relação ao real é a seguinte: R$ 4,60, R$ 4,40 e R$ 4,40.

No documento em que revisa seus números, o banco destaca os resultados positivos nos indicadores econômicos brasileiros, entre eles a queda da inflação e perspectiva da redução da taxa básica de juros. Além disso, a instituição financeira menciona a elevação da projeção da nota de crédito do Brasil emitida na última semana pela Standard & Poor's (S&P), considerada a maior agência de risco do planeta. 

“Dado o ponto de partida elevado para as taxas reais e o progresso contínuo (na redução) da inflação, esperamos que os diferenciais de juros reais continuem favoráveis ao câmbio mesmo quando a normalização da política monetária começar, e acreditamos que os fluxos de renda fixa continuam sendo um importante vento favorável para o real”, diz o banco dos EUA. 

“Dado que é incomum que mudanças de rating ocorram antes da finalização de uma reforma, acreditamos ser provável que haja outros fatores no modelo da agência de classificação de risco que estão sinalizando um rating acima de BB- no momento e estão por trás dessa revisão de perspectiva”, prossegue o Goldman Sachs. 

Nota de crédito: aumento na confiança de investidores

Standard & Poor’s (S&P), tida como a mais importante agência de classificação de risco do planeta, elevou a perspectiva de nota de crédito (rating) do Brasil.

A agência alterou a perspectiva da nota de crédito do país de “estável” para “positiva”, o que significa, na prática, que o rating poderá subir significativamente nos próximos dois anos. Desde 2019 que uma agência de risco não atribuía esta classificação ao Brasil.

Em vias gerais, rating ou nota de crédito é um parâmetro para se referir à saúde das contas públicas de um país. Quando a nota de crédito é baixa, o país é visto como um “mau pagador” de suas dívidas. Já quando o rating sobe e é positivo, a nação em questão torna-se atrativa para investidores, que utilizam as avaliações das agências de risco como base.

Em seu relatório, a agência Standard & Poor’s explicou que o aumento da perspectiva de nota do Brasil se deve, justamente, ao crescimento do PIB e organização da política fiscal - leia-se a iminência de aprovação do arcabouço fiscal apresentado pelo governo Lula ao Congresso Nacional (o projeto foi aprovado na Câmara e será votado em breve no Senado).

“Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida”, diz um trecho do informe da S&P.

“A trajetória de crescimento do PIB e das finanças públicas tem sido melhor do que o esperado anteriormente, ajudando a conter os riscos que, de outra forma, poderiam prejudicar a política monetária e a posição externa do Brasil. Em nossa opinião, o risco de tais reformas serem revertidas ou mal implementadas diminuiu devido a uma política econômica mais pragmática entre os poderes que fazem parte do governo”, prossegue a agência.