Trabalhadores na Mercedes-Benz, em São Bernardo, aprovaram em assembleia realizada nesta quinta-feira (13), a proposta de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) para cerca de 1.200 trabalhadores pelo período de dois a três meses, a partir de maio.
O layoff já estava previsto no acordo coletivo de trabalho da fábrica e foi negociado entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a montadora.
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De acordo com o coordenador da representação na Mercedes, Sandro Vitoriano, durante o layoff, os trabalhadores recebem 100% do salário líquido e passam por um curso de formação profissional (veja nota da empresa na íntegra abaixo).
“É importante ressaltar que todos esses trabalhadores têm garantia de retorno para a fábrica. E, para dar mais tranquilidade para as pessoas, em caso da necessidade de um novo layoff, dependendo de como o mercado de caminhões e ônibus se comportará, quem entrar agora não estará em um eventual próximo layoff”, ressaltou.
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Durante o período de layoff, os trabalhadores ficam sem direito ao FGTS e INSS, porque o contrato é suspenso,
Preocupação
Wellington Damasceno, diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirmou em entrevista à GloboNews que a situação não parece nem de longe garantida, como diz a multinacional.
Para ele, “a preocupação com qualquer paralisação com um Layoff como o da Mercedes ou férias coletivas, que as montadoras da região também vêm passando, é justamente o impacto para as empresas que seguem na cadeia de produção”, alerta. “Você vai ter empresas médias, empresas grandes, pequenas que muitas vezes seguem o mesmo modelo, mas muitas vezes não conseguem. E isso pode impactar inclusive na perda de emprego e até mesmo no fechamento de empresas menores que não aguentam permanecer tanto tempo sem a produção da empresa”, afirmou.
O clima de incerteza apontado por Damasceno é confirmado pelo metalúrgico Wesley Samuel Teixeira Dias. Ele reiterou para o canal de notícias da Globo que a situação é, de fato, complicada. “Estamos vendo que a economia no país não está boa, está aos poucos se recuperando. E uma decisão dessa de layoff nos causa medo, porque todos nós temos contas, contamos com o emprego para sobreviver. Então é algo muito ruim para o trabalhador”, lamenta.
Juros abusivos
Já o diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou que os juros praticados pelo Banco Central dificultam o acesso ao crédito. “O maior vilão é a taxa de juros abusiva, que deixa o financiamento mais caro, as pessoas não compram e há a queda na produção. A maioria das pessoas não compra ônibus nem caminhões à vista”, afirmou.
“Ela também atinge quem quer financiar um carro, uma geladeira. Os juros altos afetam o consumo, o emprego e a renda. Os trabalhadores vão à luta para dar o recado de que não concordamos com esses juros. É preciso baixar a taxa para a economia reagir. Nossa luta é pela retomada do desenvolvimento do país e é nossa obrigação tomar à frente da discussão da economia brasileira”, destacou.
Histórico
A montadora já havia anunciado aos metalúrgicos férias coletivas para 300 trabalhadores por um mês no início de abril, semanas curtas de trabalho e o fechamento do segundo turno da montadora a partir de maio também por três meses.
A fábrica de São Bernardo conta com cerca de 8 mil trabalhadores em sua totalidade, deste 6 mil na produção.
Nota da Mercedes na íntegra
Posicionamento Mercedes-Benz do Brasil
A Mercedes-Benz do Brasil confirma a aprovação da proposta de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) pelos colaboradores, em assembleia, nesta quinta-feira (13 de abril). A medida contempla cerca de 1.200 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), pelo intervalo de dois a três meses, a partir de maio.
Durante este período, os trabalhadores receberão salário líquido integral e passarão por curso de capacitação profissional.
A Mercedes-Benz reitera seu compromisso em buscar constantemente alternativas junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para adequações e gerenciamento do volume de produção diante da demanda de mercado.