IPCA

Queda do preço dos alimentos pelo quarto mês consecutivo puxa inflação para baixo

“Brasil pode entrar num momento de euforia na conjunção de inflação sob controle, juros em queda, atividade ganhando força, com a massa salarial em alta, diz o analista André Perfeito

Preço dos alimentos puxa inflação para baixo.Créditos: Mehrad Vosougui/Pexels
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu abaixo das projeções do mercado – que esperava uma alta de cerca de 0,33% - e ficou em 0,26% em setembro, na comparação com o mês anterior, após registrar uma alta de 0,23% em agosto. O índice foi influenciado pelo grupo alimentação, que caiu pelo quarto mês consecutivo.

O resultado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (11). Em setembro de 2022, a variação havia sido de -0,29%.

A inflação acumulada no ano é de 3,50% e, nos últimos 12 meses, de 5,19%, acima dos 4,61% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

A meta de inflação de 2023 é de 3,25%, conforme estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para ficar dentro da meta o IPCA pode ficar entre 1,75% e 4,75%.

Segundo o analista André Perfeito, economista-chefe da Necton, “o resultado é muito bom e reitera uma visão mais benigna da política monetária que deve continuar com cortes de 50 pontos base na taxa básica levando a SELIC para 11,75% ao final do ano”.

“O mercado deve manter as projeções de SELIC em 9% ao final do ciclo e se isto realmente se confirmar devemos ter um PIB mais forte em 2024. Atualmente projeto PIB em 2% para o ano que vem, mas as chances hoje são maiores para 3%”, afirma Perfeito.

Segundo o analista, “o Brasil pode entrar num momento de euforia na conjunção de inflação sob controle, juros em queda, atividade ganhando força (massa salarial em alta) e o fato de ser uma economia ‘longe’ dos problemas geopolíticos atuais”.

“Esta é uma situação inédita no sentido de certo deslocamento da dinâmica global, mas é uma hipótese que devemos considerar”, encerra.

Inflação por grupos

O IPCA do mês foi impulsionado pela alta de 2,80% da gasolina, subitem com a maior contribuição individual (0,14 p.p.) no indicador.

Já entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, o grupamento de Transportes teve o maior impacto positivo (0,29 p.p) e a maior variação (1,40%).

O subitem passagens aéreas teve a segunda maior variação mensal (13,47%) e segundo maior impacto (0,07 p.p) no total do IPCA, após recuo de 11,69% em agosto.

O grupo de Habitação teve impacto importante, com crescimento de 0,47% nos preços de setembro em relação a agosto. Com a maior contribuição do grupo, (0,04 p.p.), energia elétrica residencial teve alta de 0,99%.

A deflação do grupo alimentação foi de 0,71%, contribuindo com -0,15 p.p. para a taxa do mês. Os preços da alimentação no domicílio recuaram 1,02%, com destaque para batata-inglesa (-10,41%), cebola (-8,08%), ovo de galinha (-4,96%), leite longa vida (-4,06%) e carnes (-2,10%). Já o arroz (3,20%) e o tomate (2,89%) subiram de preço.

Já a alimentação fora do domicílio teve alta de 0,12%, uma desaceleração ante o resultado de agosto, quando foi de 0,22%. O grupo ainda registrou altas em refeição (0,13%) e lanche (0,09%), também menos intensas do que as observadas no mês anterior (de 0,18% e 0,30%, respectivamente).

Inflação por região

Na comparação por região, a única queda foi registrada em Goiânia (-0,11%), influenciada pela deflação da energia elétrica residencial (-2,97%).

Já a maior variação ficou em São Luís (0,50%), pressionada pelas altas dos preços da energia elétrica residencial (10,74%) e do arroz (4,09%).