VOLTA DA FOME

Brasil de Bolsonaro: cerca de um terço das famílias passa fome

Pouco mais de 33 milhões de brasileiros passam fome enquanto 125,2 milhões vivem em insegurança alimentar; situação se agrava em lares com crianças menores de 10 anos

Mapa da Fome. Créditos: Agência Brasil/Reprodução/ND
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Não é novidade para quase um terço da população brasileira de que a fome voltou a assombrar o cotidiano do país. De acordo com dados do 2o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia (Vigisan) divulgados nesta quarta-feira (14), cerca de 33 milhões de pessoas disseram que não têm o que comer e outras 125,2 milhões, a metade do país, até come, mas não com quantidade e qualidade necessárias ou sentem incerteza quanto a continuarem comendo.

A pesquisa foi realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Pensann) e, se compararmos com os mesmos dados de 2018 é possível ver durante o período de Jair Bolsonaro (PL) à frente do país uma diminuição substancial, de cerca de um terço, da parcela da população que vive em segurança alimentar, ou seja, aquela que come razoavelmente bem e sabe que voltará a comer no dia seguinte.

Em 2018, eram 63,4% dos brasileiros em segurança alimentar contra 41,3% em 2022. Já em relação a insegurança alimentar leve – quando há incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e/ou quando a qualidade da alimentação está comprometida – que em 2018 era parte da realidade de 20,7% dos brasileiros, hoje está em 28%. Por fim, as categorias “grave” e “moderada” de insegurança alimentar apresentaram aumentos de saltar os olhos.

Enquanto a insegurança alimentar moderada – quando a quantidade de alimentos é insuficiente - saltou aproximadamente 50%, de 10,1% da população em 2018 para 15,2% em 2022, a categoria grave, que indica quem efetivamente passa fome e não têm expectativas de matá-la, subiu quase 200%, de 5,8% da população em 2018 para 15,5% neste ano.

Lares com crianças menores de dez anos são os mais afetados e, entre eles, 37,8% enfrentam insegurança alimentar grave ou moderada. A situação é dramática por si, e fica ainda mais preocupante se pensarmos que está 7 pontos percentuais acima da média nacional, que é de 30,7%.

Dentre as regiões do país, as mais afetadas são o Norte e o Nordeste. Somando ambas, a fome e a insegurança alimentar moderada atingem 4 de cada 10 lares. Sudeste e Centroeste somados teriam três em cada 10 lares, e a região Sul teria dois. O Estado individualmente mais crítico é Alagoas, com a fome atingindo cerca de 37% das famílias pesquisadas.