A colunista Míriam Leitão, tocou na ferida em seu artigo publicado nesta terça-feira (7), em O Globo. Enquanto explode o clima de faroeste na Amazônia, com garimpeiros e afins explorando vorazmente a região, atacando postos da Funai a tiros, assassinado indigenistas e indígenas, “no mundo encantado da Faria Lima, o que os preocupa é que no esboço do programa do PT, divulgado ontem, foi proposto o fim do teto de gastos”, escreve ela.
O desaparecimento de Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philllips tem o poder de detonar uma bomba mundial que pode vir a comprometer definitivamente a credibilidade externa do Brasil.
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Apesar de ponderar “a importância de haver balizas fiscais, sem as quais um país como o Brasil pode enfrentar riscos monetários e cambiais”, a jornalista aponta que “um ambiente de criminalidade ameaçando a maior floresta tropical do planeta e pondo em risco de vida os povos indígenas, e os que os defendem, além de ser trágico para o país, tem a capacidade de espantar o investidor muito mais do que qualquer ponto da política macroeconômica”.
Ambiente favorável ao crime
De acordo com ela, “o governo Bolsonaro criou esse ambiente favorável ao crime na Amazônia. O próprio presidente fez inúmeras declarações entendidas como estímulo à ocupação de terras indígenas e à atividade do garimpo ilegal, pesca ilegal, invasão de unidades de conservação”.
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Míriam Leitão lembra ainda as leis que Bolsonaro propõe, ou que sua base tem aprovado no Congresso. “Nos 50 anos da reunião de Estocolmo, nos 30 anos da cúpula da Terra do Rio, o governo Bolsonaro coloca a Amazônia sob extremo risco”, afirma.
O programa do PT e o combate ao crime ambiental
Indo direto ao ponto, o artigo lembra que “um dos pontos de destaque do esboço do programa do PT, divulgado ontem (06/06), é a importância dada à proteção da Amazônia, e à sua defesa. Houve compromisso não só com a proteção do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas, mas a defesa dos direitos das minorias, o reconhecimento da diversidade cultural”.
O programa do PT diz: “Combateremos o crime ambiental promovido por milícias, grileiros e qualquer organização econômica que atue ao arrepio da lei.” A jornalista pergunta: “O que isso tem a ver com a economia?” E responde: “Tudo”.
Ao final, Míriam Leitão revela informação recebida de Eliesio Marubo, procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que tudo estava muito lento. “O que se sabia é que a Polícia Federal dizia estar se ‘articulando’, o Exército não tinha dito qual seria sua participação efetiva, a Marinha já estava em Atalaia. O verdadeiro risco do Brasil é o que recai sobre a Amazônia”, encerra.