Um grupo composto por mais de 300 grandes empresários brasileiros, entre eles figuras do bolsonarismo, como os donos do Madero, Riachuelo e Centauro, além de banqueiros, se reuniu na noite desta terça-feira (12), num seminário organizado pelo Instituto Unidos Brasil (IUB), para pedir, por meio de três Propostas de Emendas Constitucionais (PEC), a volta da famigerada CPMF, o imposto sobre movimentações financeiras que cobrava um percentual de cada brasileiro que realiza transações no sistema bancário.
A justificativa, que chega a ser inacreditável, é que os magnatas pleiteiam isenções nos impostos que pagam em folhas de pagamento de seus funcionários (além das 17 categorias já beneficiadas com esses "incentivos"), e como haveria perda de arrecadação do Estado (para eles pagarem menos impostos), o rombo seria coberto pela população.
No convescote dos milionários, no qual sobraram reclamações sobre a situação econômica do país e eufemismos risíveis, como por exemplo o grupo se autointitular “por liberdade econômica”, teve voz ativa um conhecido aliado de Jair Bolsonaro e famoso por suas posições reacionárias, o proprietário da Riachuelo, Flávio Rocha.
"Assim, para que a desoneração não só possa ser prorrogada, mas, acima de tudo, prolongada por data indefinida, é preciso encontrar solução tributária que possa fazer frente aos custos necessários", diz um trecho do texto de uma das PEC’s, tratando de desonerações já existentes e também das pretendidas, que expõe explicitamente a intenção do grupo de passar a conta de suas regalias para que o povo pague.
CPMF
A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, famosa pela sigla CPMF, foi um tributo que vigorou no Brasil de 1997 a 2007, com alíquota variável, que chegou a atingir 0,38%. O imposto foi concebido com a intenção de reforçar o caixa da saúde pública no país, mas acabou sendo usado em outras áreas. Em 2008, 2011, 2015 e 2020, propostas para reinstituir a CPMF proliferaram no Congresso, mas por conta da resistência em torno do tema, essas ideias foram abandonadas.